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Hoje — 3 de Maio de 2024Não É Imprensa

#EntreAPutaEoAbismo

3 de Maio de 2024, 15:40

Os jornalistas não sabem mais se eles cobrem o show da Madonna no Rio de Janeiro ou a tragédia no Rio Grande do Sul.

Alternam relatos sobre as idiossincrasias da estrela decadente e testemunhos de pessoas completamente desesperadas porque perderam tudo o que tinham.

No meio disso, há a epidemia da dengue (que já virou a covid do PT) e o aumento astronômico nos preços dos supermercados.

Mas a imprensa, que já está perdida, ficou ainda mais desorientada: entre a puta e o abismo, não reconhecem mais qualquer tipo de hierarquia.

É uma atitude semelhante à de Lula, que, ao chegar no Rio Grande do Sul, disse que torcia tanto para o Inter como para o Grêmio, na tentativa de mitigar a ausência do Estado brasileiro na vida do cidadão gaúcho.

Enquanto isso, Eduardo Leite emprega as mesmas táticas de João Doria e se aproveita de uma catástrofe para cacifar seu nome em alguma futura corrida presidencial. É algo tão canalha que faz o antipetista que é o estagiário do NEIM dar alguma razão ao PT.

No fim, estamos todos abandonados - e o pior: sem uma Madonna para nos salvar.

Madonna caindo no abismo brasileiro

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#OrwellRisonho

3 de Maio de 2024, 15:28

O estagiário do NEIM foi obrigado a divulgar o post abaixo, mas no final ele gostou de fazer isso porque aprendeu algo novo sobre o escritor inglês George Orwell.

Writers Laughing: George Orwell – Jacke Wilson

Duvida?

Então apenas leiam. É de graça - e é bacana.

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#ORefrescoDosOutros

3 de Maio de 2024, 15:23

Sílvio Almeida acabou de aprontar mais uma. Segundo Monica Bergamo,

Silvio Almeida diz que proibir saidinhas é inconstitucional e fortalece o crime organizado

Como se não bastasse, o Ministro afirma que

"Isso contraria a ideia de ressocialização, que é um dos objetivos expressos na lógica do sistema penitenciário brasileiro. Ou seja, essa medida só serve para desestabilizar um sistema que já tem muitos problemas, além de fortalecer o crime organizado que ganha mais mão de obra", afirma Silvio Almeida em nota enviada à coluna.

Então vamos combinar o seguinte, meu querido Ministro: quando você for assaltado ao caminhar por alguma rua em São Paulo, quem vai te defender do bandido? Será você mesmo? Ou o segurança que te protege todo dia, pago pela grana que sai do nosso bolso?

Ressocialização de criminoso é apenas outro nome para “pimenta no fiofó dos outros é refresco”.

Ministro tem que estar em todo lugar”, diz Silvio Almeida na Sapucaí | VEJA  RIO
A ressocialização do nosso Ministro dos Direitos Humanos

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#AfundaPoste

3 de Maio de 2024, 11:24

O aspecto mais pitoresco do crime eleitoral do Dia do Trabalhador é que, quanto mais Lula se empenha por Guilherme Boulos, mais seu candidato afunda nas pesquisas.

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#GêmeosMitológicos

3 de Maio de 2024, 11:20

Diogo Mainardi adora fazer a gente sonhar. O nosso Doge de Veneza afirmou ontem e hoje que Lula "está morrendo". Ele pode até estar certo. O problema é que Lula já morreu antes.

Foi morto e enterrado junto com o PT, até que o bolsonarismo desenterrou o seu cadáver e deu-lhe uma poção mágica para ressuscitar.

Agora, curiosamente, o governo Lula faz o mesmo pelo bolsonarismo.

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#QuadrilheiroSolidário

3 de Maio de 2024, 09:10

Lula eximiu-se de qualquer responsabilidade pelo fiasco do Dia do Trabalhador. Como sempre, ele atribuiu a culpa a um testa-de-ferro: um ministro petista, cujo nome é irrelevante. 

A matéria da Folha de S. Paulo sobre o assunto vale por outro motivo: ela esclarece que o quadrilheiro só organizou sua viagem ao Rio Grande do Sul para desviar o foco desse fiasco:

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“Interlocutores avaliam que seria preferível que ele tivesse adiantado a ida ao Rio Grande do Sul — assolado por fortes chuvas e que precisa de ajuda federal — em vez de participar do ato.

Lula só confirmou a ida ao Rio Grande do Sul na noite de quarta, após o governador do estado, Eduardo Leite, fazer publicações em redes sociais clamando por ajuda federal”.

Os familiares dos mortos durante a tragédia devem saber que a solidariedade do quadrilheiro é assim: ele é o único que nunca se afoga.

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#FuneralLulista

3 de Maio de 2024, 08:56

Exagerei no post de ontem, no qual anunciei a morte de Lula. Publiquei que ele havia arrastado 2 mil pelegos no Dia do Trabalhador. Na verdade, foram apenas 1.635, segundo a contagem de O Globo. Perdoem-me pelo erro. Sou sempre hiperbólico quando se trata de Lula. 

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#unamuno: Holanda X Brasil, a eterna disputa (2)

2 de Maio de 2024, 19:01

Para substituir a primeira temporada do Não É Entrevista (calma, leitor, a seção voltará em breve, completamente remodelada), hoje começa uma nova parceria no Não É Imprensa (NEIM): a da Revista Unamuno, uma célula de jovens talentos literários, editada por Pedro de Almendra. Toda terça e quinta, teremos ensaios, contos e poemas que comprovarão a existência de uma minoria talentosa que se importa de verdade com a cultura do nosso país e que, por isso, só tem o futuro a oferecer. Visite também o Twitter e o Instagram da publicação.

***

[Leia a primeira parte do ensaio]

Por Pedro de Almendra

Apesar da extensão continental de território, o nosso horizonte é estreito, e o mundo que se nos apresenta não é largo como o dos holandeses. Grande parte de nossos jogadores cresceram em favelas, amontoados de casas em nada semelhantes às quadras ordenadas de Amsterdã; quando meninos, aprenderam a jogar futebol em ruas estreitas e esburacadas – ou campos de terra enlameados. Com a bola ricocheteando em calçadas altas, e oponentes mais velhos à sua frente, ele precisava dar um jeito de chegar à trave de um metro de extensão, delimitada por duas chinelas havaianas. O jogador brasileiro, em menino, acostumou-se à situação que o Cruyff e Michels a todo custo queriam evitar: conserva a calma e consegue ser inventivo e inteligente sem espaço para mover-se e sem tempo para pensar. Dessa forma, porque acostumado às medidas de uma quadra de futsal, o jogador brasileiro prefere encurtar o campo de futebol em torno da “zona da bola” – quer esteja com a posse, quer não. Eis a diferença entre os pontas holandeses (que ficam presos à linha lateral, mantendo o campo largo) e o criativo ponta brasileiro, que achata o campo pelo meio e precisa costurar os adversários com passes curtos ou com dribles. O seu talento consiste em encontrar espaço onde não há – por vezes, entre as pernas do adversário, por um engenhoso e súbito truque de mágica.

Os jogadores brasileiros se organizam a partir da bola, não do jogo posicional5. Amontoados dentro da zona da bola, as leis são invertidas: tudo é caótico, contraintuitivo, e só o nosso jogador de talento, que já desde a infância passa por apertos maiores, está à vontade. Tudo deve ser feito com urgência e de repente. Sua atenção deve voltar-se àquela área estreita, onde não raro 4 ou 5 jogadores se tumultuam, dando assistência ao craque da equipe – ao jogador que vale por 4 ou 5.6 Os atacantes se aproximam, os pontas são criativos, invertem posições constantemente; e, quanto mais perto estiverem uns dos outros, melhor conseguem se entender. Um jogador precisa olhar para o seu colega de equipe, prever seus movimentos, antecipar seus desejos. Ao brasileiro convém que o campo de futebol diminua. Além do pequeno retângulo em torno da bola, nada interessa.

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#UmaLongaDescidaAoAbismoSemFim

2 de Maio de 2024, 17:01

No filme O show de Truman (The Truman Show, 1998, de Peter Weir), há um momento em que Truman (Jim Carrey) começa a perceber que seu mundo é estranho. Não simplesmente estranho: ele é falso. As pessoas se comportam de forma ensaiada, como que dirigida num filme; o tempo todo seus passos parecem ser seguidos por alguém. Como que para testar a veracidade de suas observações, o próprio Truman começa a se comportar de forma errática, testando o limite de sua própria realidade. E, num determinado momento, ele consegue vislumbrar uma equipe de cenotécnicos que trabalham atrás de uma parede no lobby do edifício em que trabalha. A cena em si é rápida, mas ela mostra um ambiente de backstage. Até este momento, Truman vinha percebendo, sentindo, que há algo de errado com sua vida e com seu mundo. Ele não sabe dizer exatamente o que é, mas há algo fora do lugar. Nós, espectadores, sabemos o por quê: Truman vive em um mundo artificial, um reality show onde ele é o único que não sabe que vive em um programa de TV (uma variação pós-moderna de Kaspar Hauser, portanto). Mas, se a história fosse contada unicamente do ponto de vista de Truman, a trama certamente se pareceria como a típica história de Philip K. Dick: um protagonista que descobre que vive em um mundo falso, artificial, de papelão (ou uma simulação digital). O que Truman sente é o mesmo que os protagonistas de Dick: inquietação. 

Essa inquietação não é exclusiva a Truman ou mesmo a Dick, no entanto. Ela pode ser traçada a H. P. Lovecraft, Thomas Ligotti, Arthur Machen e M.R. James (entre outros): mestres da ficção Weird, cujo principal objetivo, me parece, é o de traduzir uma inquietação em relação ao mundo. Segundo o crítico espanhol David Roas, esse sentimento de inquietação (que também poderíamos chamar de estranhamento) é típico da ficção fantástica: nela, o sobrenatural literalmente ataca o natural ao desestabilizá-lo epistemologicamente:

A transgressão que o fantástico provoca, a ameaça que ele supõe para a estabilidade do nosso mundo, gera inevitavelmente uma impressão aterrorizante  tanto nos personagens quanto no leitor. Talvez o termo “medo” seja exagerado, ou confuso, já que não chega a identificar claramente o efeito que, a meu ver, toda narrativa fantástica busca produzir no leitor. Talvez fosse melhor utilizar o termo “inquietude”, uma vez que, ao me referir ao “medo”, evidentemente não estou falando do medo físico ou da intenção de provocar um susto no leitor ao final da história, intenção tão cara ao cinema de terror (e tão difícil de alcançar lendo um texto). Trata-se mais da reação, experimentada tanto pelos personagens (incluo aqui o narrador extradiegético-homodiegético) quanto pelo leitor, diante da possibilidade efetiva do sobrenatural, diante da ideia de que o irreal pode irromper no real (e tudo o que isso significa). Esse é um efeito comum a toda narrativa fantástica. Por isso não é estranho que Freud, em seu artigo “Das Unheimliche”, advirta que o desconhecido inclui já etimologicamente um sentido ameaçador para o ser humano: “A palavra alemã unheimlich é o oposto de heimlich (“íntimo”), heimisch (“doméstico”), vertraut (“familiar”); e pode-se inferir que seja algo aterrorizante porque não é consabido (bekaant) nem familiar. Em sua argumentação ele recorre a outras línguas, buscando a tradução de unheimlich, com resultado similar: locus suspectus (lugar suspeito), intempesta nocte (uma noite sinistra); uncomfortable;, uneasy, gloomy, dismal, uncanny, ghastly, haunted, a repulsive fellow, inquietante, sinistre, lugubre; mal à son aise; sospechoso; de mal aguero, lúgubre, sinistero; em árabe e hebraico, unheimliche coincide com “demoníaco” e “horrendo”.

A ameaça do fantástico: Aproximações teóricas, David Roas. Trad. Julian Fúks. Págs. 58-59.

Todas essas definições para abarcar o incomunicável - mas imediatamente reconhecível - sentimento de “desfamiliarização” (afinal, a tradução mais literal de unheimlich é “desfamiliar”). Gosto da ideia de inquietude, ou mesmo de mal-estar. A própria melancolia, hoje associada a um certo estado depressivo, já foi um termo mais amplo no passado (e essa melancolia de tempos passados é uma condição que afeta, por exemplo, os personagens de Michel Houellebecq - escritor que também foi profundamente influenciado pelo Weird de Lovecraft). E Weird - Estranho - é um nome muito apropriado para esse gênero em particular: uma forma narrativa que fala sobre o nosso estranhamento com o mundo.

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Ontem — 2 de Maio de 2024Não É Imprensa

#EstupidezImoderada

2 de Maio de 2024, 13:05

Winston Churchill, que já foi estuprado ideologicamente pela direita tupiniquim, dizia que “há de se ter moderação até mesmo na moderação”.

É o que 99% da lacrosfera pensou ao ler o artigo de Joel Pinheiro, no qual ele defendia o diálogo com um “bolsonarismo moderado”.

(O 1% restante pensou em como pagar as contas do mês e o preço do supermercado - como, aliás, 100% da sociedade brasileira, composta pela classe-média e por pobres.)

Como já escrevemos neste NEIM, Joel Pinheiro, o Harry Potter da imprensa, apenas faz o trabalho de “boi de piranha”: ele antecipa a pauta do futuro, não porque seja um mago, mas simplesmente porque é seu desejo entrar no petit monde da alta cúpula.

Felizmente, foi um movimento mal calculado para o rapaz porque a imprensa petralha - Reinaldo Azevedo, Pedro Doria, Christian Lynch - simplesmente tentou cancelá-lo. Com um detalhe: todo mundo resmungou sobre o “bolsonarismo moderado”, mas ninguém reclamou quando Joel defendeu o tráfico de órgãos humanos.

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#LulaAcabou

2 de Maio de 2024, 08:43

Lula está moribundo. O fiasco do Primeiro de Maio foi o retrato mais impiedoso de sua prolongada agonia. Os dois mil pelegos que ele conseguiu reunir, a um custo de 250 mil reais, pagos pela Petrobras por meio da Lei Rouanet, mostram que o roubo escancarado, pela primeira vez, pode ser insuficiente para manter o regime quadrilheiro no poder. 

O fato de ter usado o palanque para cometer um crime eleitoral flagrante, pedindo votos para Guilherme Boulos, e de ter apagado das redes sociais as imagens do crime só agrava esse sentimento de fracasso. 

Ninguém sabe o que vai ocorrer em 2026. Independentemente do resultado das urnas, porém, uma coisa é certa: estamos no fim dessa fase da história do bananal. O chefe da quadrilha está morrendo. E ele vai ser apagado da memória nacional, exceto por seus crimes.

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#BoulosInelegível?

1 de Maio de 2024, 23:33

Segundo a jurisprudência do TSE, Boulos deveria ficar inelegível por usar um evento presidencial para fazer campanha política declarada.

Mas a gente sabe que por ter sido um crime eleitorial cometido por Lula, o TSE vai arquivar por excesso de provas, como fez naquele julgamento constrangedor da chapa Dilma-Temer —que acabou no impeachment.

Marco Aurélio de Carvalho, chefão do grupo Prerrogativas, formado pelos advogados das empreiteiras condenadas na Lava Jato, disse na Folha que pedir voto em evento oficial da presidencia da República não é crime eleitoral, mas apenas liberdade de expressão.

Eu diria mais. Depois de ter os processos anulados, já podemos dizer que Lula se tornou inimputável.

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Ele chefiou os governos mais corruptos da nossa história, então, um crimezinho eleitoral a mais ou a menos não vai fazer muita diferença.

#interludio: Quebra-Ossos

1 de Maio de 2024, 19:00

*Por Adaubam Pires

Tive dengue em meados de março (“beware the ides of March”, dizem as palavras imortais) e não foi fácil: prostração geral por dias, numa mistura de febre, fortes dores abdominais, completa falta de apetite, intensas dores de cabeça, articulações doloridas e, o mais inusitado, uma profunda dor no fundo dos olhos, que por uma semana me impediu de qualquer tentativa de leitura. Agora, já retomada as rédeas da situação, aventuro-me aqui nesta digressão.

Como pode a dengue, essa doença tão devastadora, estar associada—ao menos etimologicamente—ao dengue, isto é, à denguice, aquela ladina demonstração de desamparo em troca de atenção e carinho? Como pode o mesmo substantivo ser compartilhado entre uma moléstia brutal (mal podia me levantar nos três primeiros dias) e uma forma lânguida e melindrosa de se portar? É tanta diferença que fui escarafunchar a origem das palavras.

O andróide David olhando para o Aedes aegypti

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Antes de ontemNão É Imprensa

#OsAcasosPermanentes

1 de Maio de 2024, 14:00

4321 – o gigantesco e mais ambicioso romance de Paul Auster, falecido ontem, aos 77 anos de idade, devido a um câncer no pulmão – é a resposta a uma crítica implacável feita contra ele pelo príncipe dos resenhistas, o inglês James Wood. Em um texto publicado na revista The New Yorker, Wood discorreu sobre Invisível, então a fábula mais recente de Auster, publicada em 2010. Nele, afirmou que era o livro de um autor que não sabia escrever uma linha correta em inglês, e, ao se acostumar com as fórmulas possíveis para encantar o leitor, esqueceu-se de fazer uma literatura ousada.

A princípio, Auster não se mostrou atingido pela diatribe. Em uma carta endereçada ao amigo de letras J.M.Coetzee, publicada no volume Here and Now (2013), o americano agradece ao sul-africano pelas palavras de conforto logo após este último ter afirmado que Wood foi um canalha, mas em seguida afirma ao colega para não se preocupar pois “o que eu posso fazer com alguém que, como diz o nome, já tem o seu fim garantido pelos cupins?” (Em inglês, Wood significa madeira ou carvalho).

O chiste é bom, mas a verdadeira réplica seria muito melhor. 4321 é um tijolo de 866 páginas que, além de ser um tapa na cara na acidez de Wood, é também uma espécie de síntese das obsessões literárias de Auster. Estão ali todos os ingredientes da obra do “bardo do Brooklyn”: a reflexão sobre a amizade e a escrita que fez de Leviatã (1992) um evento para pessoas já iniciadas na grande literatura; a obsessão pelas coincidências da vida, disfarçadas de acaso ou de destino, que marcou os primeiros livros que lhe deram fama, como A Trilogia de Nova York (1987) e Palácio da Lua (1989); o questionamento a respeito da identidade em um mundo onde o ser humano é fraturado ao extremo – o eixo de O Livro das Ilusões (2002); a delicadeza da sua obra poética, escrita no início da carreira literária; e a reflexão sobre a própria biografia, repleta de incidentes pitorescos, algo que emocionou quem leu A Invenção da Solidão (1982).

Renowned author, director Paul Auster (77) dies of lung cancer

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#FestaDaPrivadaDourada

1 de Maio de 2024, 13:43

Os supremos magistrados estão se esforçando para salvar a democracia.

A democracia dos privilégios.

Deveria ser um escândalo de proporções estratosféricas.

Mas a OAB, como de praxe, não se pronunciou.

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E quem se pronunciou disse que, ao esconderem as agendas e não revelarem os patrocinadores das suas farras europeias, os magistrados supremos atentam contra a Lei de Acesso Informação.

Ninguém precisa de informação para saber que os ministros escondem suas agendas e se negam a informar os patrocinadores desses eventos porque sabem muito bem que estão enterrados até o pescoço em conflitos de interesses.

Empresas e escritórios de advogados com causas a serem julgadas no STF pagam as contas. Os reembolsos vêm nos autos.

A única coisa que os ministros querem esconder são suas vergonhas.

A festa da privada dourada

#FumoClandestino

1 de Maio de 2024, 10:50

A Souza Cruz, que bancou a farra dos ministros do STF em Londres, foi também a maior patrocinadora oculta do IDP, o conglomerado pertencente a Gilmar Mendes. 

Ninguém mais quer saber da imprensa, nem eu, mas em maio de 2018, quando minha revista ainda era minha revista, comandada por Mario Sabino e Rodrigo Rangel, publicamos a seguinte matéria sobre a fortuna semiclandestina que a Souza Cruz repassou aos negócios do ministro do STF:

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“O ano de 2016 foi próspero para o Instituto Brasiliense de Direito Público, o IDP. O caixa do instituto, de propriedade de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, recebeu 32 pagamentos de diversas empresas e entidades. Todas interessadas em patrocinar eventos – sempre com a presença de Gilmar, a sua principal estrela. Os valores dos patrocínios foram elásticos: de 50 mil a 500 mil reais. Na ponta do lápis, só naquele ano a receita de patrocínios foi de 4,3 milhões de reais, valor que chega a 7 milhões se considerados os pagamentos recebidos desde 2011.

Crusoé obteve as planilhas do IDP que relacionam 23 empresas e entidades que patrocinaram o instituto e descobriu situações distintas. Uma delas, a mais comum, envolve companhias que patrocinaram os eventos e, em contrapartida, ganharam a exposição de suas marcas. É a regra geral de qualquer patrocínio, em qualquer evento, de qualquer instituição. Mas há, nas planilhas do IDP, patrocinadores que deram dinheiro sem que houvesse a publicidade da marca – são, portanto, patrocínios ocultos. Outra frente de arrecadação do instituto foram os grupos de estudos jurídicos. Também nesse caso surge o insólito fenômeno das empresas que patrocinaram, mas preferiram não aparecer.

A Souza Cruz, gigante do ramo de cigarros, surge nos documentos internos como o principal patrocinador oculto do IDP. Desde 2011, a companhia repassou 2,4 milhões de reais ao instituto. Mas não há, nem no site do IDP nem nos materiais de divulgação, qualquer referência à empresa”.

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#NicotinaDoSTF

1 de Maio de 2024, 09:21

A Souza Cruz foi uma das patrocinadoras da farra do STF em Londres, que reuniu um bando de empresários e lobistas a Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, o procurador-geral da República e o chefe da PF.

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#unamuno: Holanda X Brasil, a eterna disputa (1)

30 de Abril de 2024, 19:01

Para substituir a primeira temporada do Não É Entrevista (calma, leitor, a seção voltará em breve, completamente remodelada), hoje começa uma nova parceria no Não É Imprensa (NEIM): a da Revista Unamuno, uma célula de jovens talentos literários, editada por Pedro de Almendra. Toda terça e quinta, teremos ensaios, contos e poemas que comprovarão a existência de uma minoria talentosa que se importa de verdade com a cultura do nosso país e que, por isso, só tem o futuro a oferecer. Visite também o Twitter e o Instagram da publicação.

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Por Pedro de Almendra

Você joga futebol com a sua cabeça, as pernas não passam de instrumentos auxiliares.” – Johan Cruyff

Diante dele, que não pensa, todos nós, que pensamos, somos uns lerdos, uns bovinos, uns hipopótamos.” – Nelson Rodrigues a respeito de Mané Garrincha

Em um estudo a respeito do futebol holandês, o pesquisador inglês David Winner1 compara o modo como Cruyff e Michels pensavam o campo de futebol com a maneira tipicamente holandesa de se aproveitar os espaços, manifesta também na pintura e na arquitetura. “Há uma maneira holandesa de ver o espaço e a paisagem”; e assim como foi em Amsterdã, onde enormes canais artificiais de água cortam as quadras em forma de grade, que a idéia de “cidade planejada” se encarnou em perfeição, foi também por meio da famosa seleção holandesa de 1974, sob a tutela de Rinus Michels, o “General”, que o mundo conheceu o “futebol total” e descobriu que o tamanho de um campo de futebol é uma variável plástica e manejável. Assim como a figura humana é um elemento de menor importância nos quadros de Bruegel e de Saerendam, o talento individual, essa variável imprecisa e traiçoeira na qual ainda confiamos cá deste outro lado do Atlântico, é irrelevante no sistema da laranja mecânica.

A lógica por trás da seleção de 1974 é simples: o time que passa mais tempo com a posse de bola, e não o que tem os melhores jogadores, controla o jogo. O talento do craque adversário é, afinal, irrelevante se ele não encontrar ocasião para exercê-lo – “sem a bola”, escreve Johan Cruyff, “não se pode vencer”. E qual o segredo para manter a posse de bola? Estender os espaços. Em vez de a perseguirem amontoando-se à sua volta, os jogadores aguardam pelo percurso da bola – que se move em passes curtos e precisos– nos seus respectivos setores. O campo inteiro, dessa forma, é ocupado por todos os jogadores, os quais, por não possuírem posições fixas, são intercambiáveis entre si. A bola pode estar nos pés de qualquer um, pois todos são igualmente valiosos (ou desimportantes). Não é dever do camisa 10 fazer a bola chegar aos pés do 9, e não é dever do 9 fazer o gol. Não há protagonista, não há herói; há funcionários de um mesmo mecanismo – um carrossel – encarregado de fazer com que a bola circule pelo campo – em tique-taque – até parar no gol. Os jogadores devem agir com calma e prudência, sem arroubos de inspiração e sem desproporcionalidade entre as funções e setores. Quando o time adversário está com a posse de bola, o mesmo raciocínio é aplicado, mas às avessas: o campo deve ser encurtado, para que os jogadores rivais se sintam pressionados e comecem a agir de maneira irracional (a famosa defesa organizada em linha de impedimento, inventada por Michels, por exemplo, serve para reduzir o campo), e a bola seja recuperada o mais rápido possível. Quem não tem espaço não tem tempo para pensar, e o futebol praticado na Holanda é, antes de tudo, uma arte racional – ou por outra: cartesiana.

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#ANovaNoiteDosCristais

30 de Abril de 2024, 17:01

Temos visto nos últimos dias o surgimento de diversos protestos em campus universitários americanos organizados por grupo de estudantes “antissionistas” contra o governo de Israel e contra a cumplicidade das instituições acadêmicas com aquele “estado colonialista e genocida” em campanha contra o povo palestino. Desde o ataque terrorista do Hamas e da Jihad islâmica em outubro de 2023, que matou mil e duzentas pessoas e feriu mais de cinco mil, o sentimento e o ressentimento contra o governo israelense, que sempre foi palpável entre certa elite intelectual progressista, tornou-se mais ativo, agressivo e pernicioso, criando tensão, ansiedade e medo nos ambientes acadêmicos, com alunos e professores judeus como principais alvos destes grupos. Os protestos alinham-se sob a iniciativa “Universidade Popular para Gaza”, e as demandas exigem o cessar-fogo imediato, o fim da ocupação israelense e do suporte das universidades ao estado de Israel.

A SJP - Students for Justice in Palestine -, principal organização por trás desses protestos, expôs seus objetivos de forma clara:

“…Nós, como estudantes, reivindicaremos nosso poder no campus – não haverá aulas ou conformidade com nossas instituições enquanto persistir a exploração descarada de nosso genocídio. Através do movimento estudantil por uma universidade popular, transformaremos a nossa mobilização de massas num poder sustentado e tangível… assumiremos o controle das nossas instituições, campus a campus, até que a Palestina seja livre.”

Tais declarações e exigências expõem muito mais do que mero desejo de paz e sentimentos humanitários; por trás das reinvindicações e palavras de protesto, encontramos nada menos do que o velho e pernicioso antijudaísmo. Não é preciso muito para identificar nas palavras desses ativistas pró-palestina o mesmo tipo de distorções, mentiras e teorias que servem para justificar suas ações, e nada disso é novidade para quem está minimamente atento ao que acontece no meio acadêmico e intelectual dos EUA (ou no Brasil).

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#DonaBentaAtacaNovamente

30 de Abril de 2024, 15:40

Eliane Cantanhêde, a Dona Benta da imprensa tupiniquim, se fez no jornalismo político ora dizendo obviedades, ora apostando no cavalo errado.

Quando, em 2017, havia um zum-zum-zum sobre candidaturas de outsiders na corrida presidencial (uma obviedade), Cantanhêde tentou normalizar a figura de Luciano Huck, o animador de auditório com consciência social (cavalo errado).

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#APedagogiaDoMal

30 de Abril de 2024, 15:27

O marketing do filme Guerra Civil, de Alex Garland, é simplesmente genial porque enganou todo mundo.

Enganou quem gosta de Wagner Moura. Enganou quem odeia Wagner Moura.

Enganou quem não suporta Donald Trump. Enganou quem não suporta Joe Biden.

Porque o longa não é nada sobre isso. Não é sobre polarização. Não é sobre como os EUA chegarão a uma Guerra Civil. E muito menos é uma ode sobre o jornalismo.

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#MadonnaNoBrasil

30 de Abril de 2024, 15:22

Será que poderão falar português no show da Madonna no Brasil?

Quem resiste a essa boquinha?

#SemDono

30 de Abril de 2024, 11:14

A orgia do STF em Londres, durante a qual Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes confraternizaram com empresários e lobistas, além de membros do regime lulista, continua sem dono.

O Grupo Voto disse à Folha de S. Paulo que “arcou com todos os gastos com passagens aéreas e hospedagem dos seus palestrantes. Porém se recusou a divulgar os valores e a informar quem eram os patrocinadores do encontro.

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#ÁlibiQuadrilheiro

30 de Abril de 2024, 10:32

O Brasil nazilulista tornou-se o segundo principal parceiro comercial da Rússia.

O Estadão, apesar de dizer o que tem ser dito, ainda concede ao chefe da quadrilha o álibi do analfabetismo:

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#NãoéLivro

30 de Abril de 2024, 09:01

Os brasileiros sempre foram analfabetos. Os 84% que não compraram um único livro no ano passado representam a norma. O que espanta, de fato, é outra coisa: a quantidade de escritores extraordinários que, apesar da falta de leitores, esse buraco selvagem, cheio de gente tosca, capaz de emitir apenas uns grunhidos rudimentares, conseguiu produzir.

O que resgata o Brasil é a teimosia minoritária.

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#OutrasVidasQueNãoAMinha

29 de Abril de 2024, 19:01

[Leia aqui a segunda parte do ensaio]

1.

O ano era 2011, e eu ainda tinha disposição para frequentar a Festa Literária de Paraty. Os convidados daquela edição eram muito estrelados, dentre os quais vale a pena citar Claude Lanzmann, que, para dizer o mínimo, se indispôs com o curador daquela edição, Manuel da Costa Pinto (que, por sua vez, inaugurou o epíteto nazista para qualquer oponente que o irritasse, muito antes do PT fizer isso na época do governo Jair Bolsonaro; o detalhe é que ele fez isso com o judeu Lanzmann, o diretor de Shoah, o maior documentário já feito sobre o Holocausto); James Ellroy, o escritor que revelou, na entrevista coletiva, que só se interessava pelo universo sobre o qual escrevia; e o francês Emmanuel Carrère, autor, entre outros, dos livros O Adversário e Outras Vidas que Não a Minha.

Embora hoje seja um dos meus autores favoritos, em 2011 eu ainda não conhecia Carrère, o que só foi acontecer em 2016. Há um elemento pessoal neste episódio que não posso deixar escapar: na ocasião em que comecei O reino, meu pai estava hospitalizado. Quando algo grave assim acontece, costumo ficar paralisado e sem imaginação ou foco para leitura. Ocorre que o texto de Carrère era tão poderoso, que a leitura me absorveu a ponto de me manter equilibrado naquele momento de tensão. Felizmente, meu pai foi para casa, e eu não abandonei mais o escritor francês. Mais ou menos nessa época, um dos editores do NEIM me avisou que havia um saldão de livros na estação de Metrô-Terminal de Ônibus Tietê. Lá, O Adversário, livro publicado pela Record e que estava fora de catálogo, estava a 10 reais. Fui lá e comprei o meu sem pestanejar.

Francês Emmanuel Carrère vence Princesa das Astúridas de Letras - ISTOÉ  Independente

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#nãoépodcast: a educação como oportunidade profissional

29 de Abril de 2024, 17:27

O Ministério da Educação quer classificar as universidades pelo nível de empregabilidade dos alunos.

A ideia é ruim porque, além de não resolver os graves problemas da nossa educação, que todos já conhecemos, vai comprometer a própria natureza da universidade.

Quem explica melhor essa história é Gabriel Ferreira, doutor em Filosofia e professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos.

#NãoÉAvanço

29 de Abril de 2024, 16:10

Em 2011, durante o governo (?) de Dilma Rousseff, teve início a chamada desoneração da folha de pagamento, medida tributária que era parte de uma estratégia para estimular a economia brasileira em meio à crise da época, e que hoje, mais de uma década depois, tem sido objeto de intensos debates. A medida, em sua forma atual, permite que municípios com até 156 mil habitantes e 17 setores intensivos em mão de obra substituam a alíquota previdenciária de 20% sobre os salários por uma alíquota de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, incentivando a geração de empregos e estimulando o crescimento das empresas. No entanto, as tentativas de impulsionar a recuperação econômica têm gerado discussões em torno da manutenção dessa estratégia, colocando em risco os impactos socioeconômicos positivos da medida e criando uma situação clara de insegurança jurídica.

Nos capítulos mais recentes desta história – que, pela quantidade de reviravoltas já pode ser considerada uma novela – a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou, na última quarta-feira (24), com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender trechos da lei aprovada pelo Congresso, que prorrogava a desoneração da folha até 2027, e também contestar a decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que invalidou trecho da Medida Provisória (MP) 1.202/2023, que derrubou a desoneração previdenciária para pequenas e médias prefeituras.

No entendimento da AGU, a desoneração foi prorrogada até 2027 pelo Congresso Nacional sem estabelecer o impacto financeiro da renúncia fiscal. A petição foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo advogado-geral da União Jorge Messias. O ministro Cristiano Zanin, que foi escolhido para ser o relator da ação, acatou de forma monocrática na quinta-feira, dia 25, os argumentos da AGU. A atitude reacendeu a preocupação e a insatisfação entre os prefeitos (que contam com o corte na alíquota para ter mais dinheiro em caixa), entre os parlamentares (que viram na atitude do ministro Zanin uma interferência sobre uma decisão do Legislativo) e entre os representantes dos setores beneficiados, já que no próximo dia 2 de maio as empresas e prefeituras beneficiadas voltariam a pagar o DARF em cima dos 20% da folha de pagamento - e não dos 4,5% atuais. 

“Entendo que a decisão Liminar do Ministro Zanin tem efeito imediato, mas deveria respeitar a anterioridade Constitucional, ou seja, começar a contar a noventena a partir de sua publicação. Portanto, a desoneração seria válida até 31/7, ou até que se apresentassem os cálculos da contrapartida solicitada na Liminar, se julgasse o Agravo do Senado, ou ainda Mérito. O que não pode é a insegurança jurídica que se está criando com a aplicação imediata do fim da Desoneração nos últimos dias do mês, pegando as empresas despreparadas. O risco de inadimplência, demissões e desestruturação do Mercado de trabalho será grande”, afirmou, em entrevista exclusiva ao NEIM, o empresário Jorge Sukarie, conselheiro da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e CEO da Brasoftware. Para Rodolfo Fücher, presidente do Conselho da ABES, “não deveríamos ficar discutindo a desoneração ou reoneração para os 17 setores, mas sim uma redução drástica dos encargos trabalhistas que recaem sobre a folha para todos os setores da nossa economia, acabando com o inferno da insegurança jurídica, e não aumentando-o”. 

Não se trata de uma preocupação infundada - ou de mera gritaria entre empresários. Segundo o Movimento Desonera Brasil, que representa os 17 setores da economia alcançados pela política de desoneração da folha, aqueles que permaneceram com a folha desonerada entre de 2019 e 2023 geraram quase 20% de empregos a mais, enquanto o número de vagas de trabalho dos demais setores cresceu apenas 14%. O levantamento do Desonera Brasil também destacou que os salários nestes 17 setores são, em média, 12,7% superiores aos das atividades que não são desoneradas e que, só neste ano, as empresas já criaram 151 mil novos empregos, o que gerou uma arrecadação adicional de quase R$ 20 bilhões com INSS, imposto de renda, FGTS, Cofins-importação e PIS/Cofins sobre o consumo. Em outras palavras, os benefícios da desoneração, para esses setores, superaram em muito os incentivos fiscais da contribuição previdenciária sobre a receita bruta das empresas.

Em entrevista coletiva na tarde de sexta-feira (26), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o Congresso foi surpreendido com a decisão do governo federal de acionar o Judiciário e que o erro foi não só técnico mas, também, político. Além de discordar da decisão de Zanin, Pacheco ainda classificou como “catastrófica” a petição da AGU - em seu argumento, o senador afirmou que só em 2024 o Congresso aprovou propostas que somam cerca de R$ 80 bilhões em aumento de arrecadação, um valor que pode servir para bancar, por exemplo, o custo anual de R$ 10 bilhões referentes à desoneração dos municípios. E, enquanto o Senado apresentava, na noite de sexta-feira (26), um recurso para retomar a validade da lei da desoneração da folha, mais um “plot-twist” da novela acontecia, desta vez no STF. Na análise pelo plenário da Corte, para onde o ministro Zanin levou a sua decisão para ser votada pelos demais magistrados, faltava apenas o voto de um ministro para formar a maioria necessária quando o ministro Luiz Fux pediu vista do processo. Ele pode levar até 90 dias para analisar o caso (ou devolver o processo antes do término desse prazo estabelecido).

Até o pedido de Fux, os ministros Flávio Dino, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin haviam votado para confirmar a decisão individual de Zanin, deixando o placar em cinco votos a zero. Os magistrados que ainda não votaram - Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Nunes Marques e André Mendonça - podem continuar votando até 6 de maio, quando acaba o julgamento no plenário virtual. E eles podem formar uma maioria pró-tese do governo.

Quem pensa que a história está longe de ter um fim, está enganado. Se confirmada a decisão de Zanin, ela tem efeito até que o Supremo julgue a ação definitivamente, no mérito da questão (não há prazo para isso ocorrer). E o presidente Lula, onde fica no meio deste enredo? Ele quer encontrar, até o dia 20 de maio (quando começará em Brasília a Marcha dos Prefeitos) um meio-termo para este impasse, e dar uma resposta aos chefes dos Executivos municipais que viajarão a Brasília para o evento anual da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Até lá, o governo vai tentar construir uma proposta voltada às prefeituras, que esteja em consonância entre a equipe econômica e a ala política do governo. Enquanto isso, o presidente tentará se reunir com o senador Rodrigo Pacheco nos próximos dias e aproveitará para discutir a questão da desoneração. O clima da conversa, certamente, não será dos melhores, já que aliados de Lula admitiram que Pacheco não foi comunicado pelo ministro Fernando Haddad de que a ação da AGU seria protocolada no último dia 25 (embora Haddad houvesse anunciado a intenção de entrar na Justiça, o presidente do Senado teria ficado contrariado por não ter sido avisado, com a ação sendo protocolada em paralelo à articulação da entrega de projetos para regulamentar a reforma tributária).

Não há dúvidas, para quem entende minimamente de economês e de Brasil, de que a desoneração da folha de pagamento é uma estratégia com potencial para impulsionar a criação de empregos e o crescimento das empresas e da economia - e, por isso mesmo, deve ser ponderada mediante um debate aberto e transparente. Enquanto os setores atualmente beneficiados “têm a confiança do ministro relator ou o tribunal revogar essa decisão monocrática, que deve ser restrita a situações extremas, afinal houve pleno respeito às regras orçamentárias constitucionais pelo Legislativo nos seus cuidados de trabalho de elaboração da lei”, e o governo (ao menos, aparentemente) segue batendo cabeça, ficam no ar duas certezas. A primeira, de que o fim da desoneração da folha pode colocar o Brasil de volta em um caminho de retrocesso, aumentando consideravelmente os índices de desemprego (que estão, atualmente, em 7,4%). E a segunda, a de que o Brasil não é, definitivamente, um país para principiantes.

#OEspectroDaPandemia

29 de Abril de 2024, 14:37

Ontem os bolsonaristas ficaram excitadíssimos por causa do texto abaixo:

A dra. Mayra, para quem não sabe, foi uma das inúmeras musas da cloroquina e do “não ao lockdown” (que nunca existiu neste país, diga-se de passagem) que pulularam por aí na época da pandemia.

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O tal do Pablo Ortellado é mais um “especialista” que palpita sobre redes sociais e às vezes acha que entende de ciência.

Ontem, eles se uniram na estupidez recorrente do cotidiano brasileiro.

Leiam o tuíte da moça e o artigo do moço por si mesmos e cheguem às suas conclusões.

O que interessa mesmo para o NEIM é o retorno da pandemia, desta vez sobre uma outra variação da peste: o da ciência que pensa que controla o ser humano.

Aguardem: neste ponto, o Brasil está sendo pioneiro na imbecilidade, pois o que foi feito na pandemia será determinante para o discurso de Donald Trump nas eleições de Novembro.

Duvidam? (Claro que duvidam. Vocês só sabem fazer isso)

Quem viver verá.

Trump à espera da ciência salvar a sua campanha.

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