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“Girl”, um conto de Jamaica Kincaid sobre as opressões impostas às meninas-mulheres

Por: Bruna Stievano

A primeira publicação da escritora caribenha Jamaica Kincaid é o compilado de contos At the bottom of the river (1983). São dez contos que trazem temas intimamente relacionados às vivências da autora, intrincadas em sua identidade de mulher negra diaspórica.

Temos, como primeiro conto, o icônico “Girl”. Ele foi publicado pela primeira vez na revista The New Yorker, em 1978. Mesmo tendo sido escrito há quatro décadas, o conto continua atual tanto pela temática que aborda quanto pelas técnicas literárias de que faz uso. O conto de apenas uma página não possui nenhum ponto final. É escrito de maneira errática, direta, respirando por vírgulas e ponto-e-vírgulas e finalizando com um ponto de interrogação. É um conto não-linear, que quebra com as estruturas tradicionais de narrativa. “Girl” traz uma lista de obrigações que são impostas de mãe para filha; uma lista autoritária, machista, sufocante. São obrigações que toda menina e toda mulher já ouviram, muitas e muitas vezes, provavelmente da mesma forma austera que se apresenta no conto, vindas de todas as camadas da sociedade. No caso específico do conto de Kincaid, é da mãe que vem um conjunto de cobranças que só seriam destinadas a uma filha mulher, e jamais a um filho homem. A mãe, que também sente na pele o peso de ser mulher em uma sociedade machista, ao não refletir sobre os comportamentos a que foi sujeita, sujeita também a filha às mesmas agressões.

Segue trecho do conto:

(…) this is how you smile to someone you don’t like too much; this is how you smile to someone you don’t like at all; this is how you smile to someone you like completely; this is how you set a table for tea; this is how you set a table for dinner; this is how you set a table for dinner with an important guest; this is how you set a table for lunch; this is how you set a table for breakfast; this is how to behave in the presence of men who don’t know you very well, and this way they won’t recognize immediately the slut I have warned you against becoming (Kincaid, 1983, p. 4).[1]

Percebe-se aqui que há diferentes tipos de imposições: a primeira é em relação aos afazeres domésticos (arrumar a mesa para o chá, para o jantar, para o almoço…), histórica e culturalmente associados às mulheres como algo inato e de responsabilidade total delas. Há um enfoque no conto kincaidiano em relação às refeições, como se deve arrumar a mesa para cada uma delas, como arrumar a mesa para receber um convidado importante e para outras situações. Em outras partes do conto, há direções sobre como cozinhar tipos específicos de comida:

cook pumpkin fritters in very hot sweet oil”, “soak salt fish overnight before you cook it”, “this is how to make a bread pudding; this is how to make doukona; this is how to make pepper pot (Kincaid, 1983, p. 4).[2]

Instruções de plantio também são encontradas no conto, como no seguinte trecho:

(…) this is how you grow okra—far from the house, because okra tree harbors red ants; when you are growing dasheen, make sure it gets plenty of water or else it makes your throat itch when you are eating it (Kincaid, 1983, p. 4).[3]

Fica evidente, no conto “Girl”, que, para a mãe, é fundamental que a filha seja totalmente dedicada ao preparo das refeições; ao plantar, cozinhar e servir. Servir, principalmente. Aqui podemos levantar alguns questionamentos: a mãe acredita que a felicidade vem da vida doméstica? Ou que servir o seu homem é a coisa mais importante na vida de uma mulher? Ou ainda que a própria mulher é que se serve ao marido como se fosse uma refeição?

No final do conto, as últimas frases são também sobre o trabalho na cozinha:

always squeeze bread to make sure it’s fresh; but what if the baker won’t let me feel the bread?; you mean to say that after all you are really going to be the kind of woman who the baker won’t let near the bread? (Kincaid, 1983, p. 4-5).[4]

A tradição de frequentar a padaria todos os dias para comprar pães frescos, com todo o ritual de checar se os pães estão apropriados para o consumo, faz parte de uma rotina provinciana, das donas de casa respeitadas, valorosas, que são parte integrativa da sociedade em que vivem. É isso que a mãe almeja para a filha, que ela faça um bom casamento (um bom casamento nesse contexto parece significar estar com um homem de boas condições financeiras, ter uma boa casa, e ser a senhora dessa casa).

Para a mãe, parece haver poucas opções de vida para uma mulher: ficar solteira e, por isso, nunca ter a sua própria casa, nem nenhum tipo de bem material, tampouco respeito e validação na sociedade; se casar com um homem pobre ou cruel ou com qualquer outra característica que faça dele um mau marido; e, finalmente, fazer um bom casamento, que dentre essas poucas opções de vida, claramente é a mais interessante. Desse modo, a mãe estaria, na sua voz autoritária e machista, preparando a filha para o mundo real.

Ela repete e enfatiza as instruções para a lavagem de roupas:

Wash the white clothes on Monday and put them on the stone heap; wash the color clothes on Tuesday and put them on the clothesline to dry (Kincaid, 1983, p. 4).[5]

A obsessão com a limpeza das roupas, da casa e de si própria, além das instruções em relação ao preparo dos alimentos (do plantio até a mesa posta), formam um conjunto de imposições em relação a ser uma dona de casa exemplar, algo fundamental e primário para a sobrevivência de uma mulher como tal numa sociedade colonial, machista e opressora.

A segunda imposição é em relação aos comportamentos (como sorrir, para quem sorrir etc). Aqui há um tolhimento muito pesado, que é em relação ao modo como se sorri. O sorriso, a risada, a gargalhada, é algo espontâneo e natural, quase como uma impressão digital, uma marca própria, já que cada indivíduo tem uma maneira muito particular de se expressar. Tolher isso é uma faceta de violência bastante peculiar, uma necessidade de ajuste às normas da sociedade, em todos os níveis, até mesmo em relação ao sorriso, assim como outras formas de comportamento (como se sentar, como andar, como falar, em que tom de voz).

A terceira forma de imposição é como agir perante os homens, o que fazer e dizer (e o que não fazer ou dizer) para passar a impressão de ser uma mulher honrada, de valor, a tal da boa moça, mulher para casar, que se opõe à figura da “biscate”, colocada no próprio texto como a pior coisa que uma mulher pode ser. A repetição do termo slut no texto, que pode ser traduzido como biscate ou vadia, aparece como alerta: “this way they won’t recognize immediately the slut I have warned you against becoming” (Kincaid, 1983, p. 4).[6]

A mãe teme que a filha se torne essa biscate, e que não consiga um “bom” marido, ou seja, não consiga seu espaço na sociedade. Ela dá instruções à filha para que ela saiba com que tipo de homens deve ou não se relacionar.

Não há escapatória para o casamento. No mundo colonizado, machista e opressor, não só da Antígua descrita por Kincaid, mas de tantos outros lugares, é somente um o destino da mulher: se casar e ser dona de casa. Outras possibilidades, incluindo estudos e trabalho, ter uma carreira, investir nos seus potenciais e talentos, não aparecem como uma vida provável para uma mulher.

 


[1] Tradução nossa: é assim que você deve sorrir para alguém que você não gosta muito; é assim que você deve sorrir para alguém que você não gosta de jeito nenhum; é assim que você deve sorrir para alguém que você gosta completamente; é assim que você deve arrumar a mesa para o chá; é assim que você deve arrumar a mesa para o jantar; é assim que você deve arrumar a mesa para o jantar ao receber um convidado importante; é assim que você deve arrumar a mesa para o almoço; é assim que você deve arrumar a mesa para o café da manhã; é assim que você deve se comportar na presença de homens que você não conhece muito bem, assim eles não vão reconhecer imediatamente a biscate que eu avisei que você se tornaria

[2]Tradução nossa: Frite os bolinhos de abóbora em óleo bem quente, deixe o peixe marinando de um dia para o outro antes de prepará-lo, é assim que você faz pudim de pão; é assim que você faz doukona (prato típico caribenho, adocicado e apimentado, servido na folha de banana); é assim que você faz pepper pot (um tipo de sopa apimentada, um prato único, servido em caçarola)

[3] Tradução nossa: é assim que você cultiva quiabo – longe da casa, porque pés de quiabo trazem formigas vermelhas; quando você cultivar inhame-coco, se certifique de colocar bastante água ou de outra forma sua garganta vai coçar quando você for comê-lo

[4] Tradução nossa: Sempre aperte o pão para se certificar que está fresco; mas e se o padeiro não me deixar apertar o pão? Quer dizer que depois de tudo você ainda vai ser o tipo de mulher que o padeiro não deixa chegar perto do pão?

[5] Tradução nossa: Lave as roupas brancas na segunda e coloque-as na pedra para esfregar; lave as roupas coloridas na terça e coloque-as no varal para secar

[6] Tradução nossa: assim eles não vão reconhecer imediatamente a biscate que eu avisei que você se tornaria

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O Problema dos 3 Corpos (SciCast #592)

Por: Tarik Fernandes · Portal Deviante

Um problema da físico muito complicado que levou muita gente a loucura e à morte para encontrar uma solução. Tem a ver com a gravidade e o movimento dos planetas e estrelas. Acabou ganhando notoriedade pelo livro do Liu Cixin. Mas esse SciCast não é sobre o livro… é sobre o problema!

 

 

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Produção Geral: Tarik Fernandes e André Trapani

Equipe de Gravação: André Trapani, Marcelo de Matos, Roberto Spinelli, Glaucia Souza Silva, Lennon Ruhnke

Citação ABNT: Scicast #592: O Problema dos 3 Corpos. Locução: André Trapani, Marcelo de Matos, Roberto Spinelli, Glaucia Souza Silva, Lennon Ruhnke. [S.l.] Portal Deviante, 17/05/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast-592

Arte: Getty Images


Referências e Indicações

Euler’s three-body solution

 

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c9/Three_body_problem_figure-8_orbit_animation.gif

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5a/5_4_800_36_downscaled.gif

 

Three solutions to the twobody problem – http://www.diva-portal.org/smash/get/diva2:630427/FULLTEXT01.pdf

 

The Three-body Problem from Pythagoras to Hawking 


The Planets Are Weirdly In Sync – https://www.youtube.com/watch?v=Qyn64b4LNJ0&t=44s

 

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Metallic Raccoon: O Grande Show (RPGuaxa #164)

Por: Marcelo Guaxinim · Portal Deviante

RPG: Realidades Paralelas do Guaxinim, ou ainda RPGuaxa é um podcast gravado na forma de RPG; a cada episódio nosso Mestre Guaxinim apresenta um mundo novo aos jogadores e, juntos, criam uma nova história.

Todo programa é uma aventura única, uma história com inicio, meio e fim.

Tema do Episódio: Música, terror


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Produção e Edição Final: Marcelo Guaxinim.

Edição: Rafael Zorzal

Jogadores do Episódio: Rebel Bia, Andrey e Rafa Rangel

Música: “Morning” Kevin MacLeod (incompetech.com)
Licensed under Creative Commons: By Attribution 4.0 License
http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

QUEM APOIA ESSE PROJETO: Adienny Silva; Adriana Cristina Alves Pinto Gioielli; Adriano Contreras Alberto; Agata Sofia; Alan Godoy De Quevedo; Alberto Dias De Souza; Alcides Junior; Alessandro Freitas; Alex Primo Brustolin; Alex Wiedermann; Alexandre Acioli; Alexandre Chagas Pelegrineli ; Alexandre Dotto; Alexandre Yuji Iwashita; Alisson Fernandes; Allan Felipe Rocha Penoni; Allen Teixeira Sousa ; Allyson Araujo; Ana Kurata; Anderson Bonfar; Anderson Camatari Vilas Boas; Anderson Furtunato; Anderson Key Saito ; André Gebran; Andre Toshio Freire Miyamoto; Andre Trapani Costa Possignolo; André Bernardo; André Luiz Pereira; Angélica Lyssa; Anselmo Joao Conzatti; Anthony Cuco; Antonio Carlos De Souza; Apophillis; Ariel N. Vovchenco Jķnior; Arthur Damasceno; Arthur Pereira; Atari Boy; Atila Paes; Bernardo Malta; Bruna Castro Alves Plank; Bruna Karla Santos; Bruno Marques ; Bruno Lima Da Silva; Bruno Saito; Bruno Schmoeller May; Bárbara Fiorot; Caio Andre Lourencio Dos Santos; Caio Favero; Caio Feitosa De Almeida Cruz; Carlos Augusto Francisco Martins; Carlos Edegar Bergold; Carlos Henrique Ballestero; Carlos Henrique Freitas Barbosa; Carlos Roos; Charles Fray; Christian Bastos ; Christian Reyes; Cibelle Barnabť Vernay; Claudio Picoli; Cleiton Torres; Cleriston Araujo Chiuchi; Crhisllane Vasconcelos; Cristian Henrique Lucinski De Oliveira; Cristian Maicon Voltolini; Cristiano Souza; Danielle Golebiowski Ren; Danilo Santana; Davi Alexandre De Souza; Debersom Carvalho Nascimento; Debora Cabral Lima; Débora Mazetto; Dennis Carvalho; Diego Melo; Dilenon Stefan Delfino; Diogo Fernandes De Oliveira; Diogo Portugal Ito Bastos Pinto; Douglaa Gioielli; Douglas Pierre; Douglas Ramos Da Silva; Eduardo Martins; Eduardo Cristiano Zabiela; Eduardo Crunfli; Eduardo Dias Defreyn; Eduardo Gusmao; Eduardo Railton; Elifa França; Elisnei Menezes De Oliveira; Emerson Rafael Marchi; Emille Yoshie Sasaki; Erico Constantino; Erik Beserra Borba; Esron Silva; Everton Gouveia; Ezequias Evangelista; Fabio Ayres Fabiano Da Silva; Fabio Domingues Gameiro; Fabíola Belo; Felipe Alencar De Queiroga Passos; Felipe Corš; Felipe Dantas; Felipe De Moraes Matsuda; Felipe Penninck; Felipe Queiroz Da Silva; Felipe Ronchi Brigido; Felipe Xavier; Fernanda Cortez De Santa Rosa; Fernanda Martineli; Fernando Rodrigo; Fernando Dos Santos Silva; Filipe Calheiros De Albuquerque; Filipe Poiato; Filipe Rios; Filipe Rodrigues; Filippo; Flavia Da Silva Nogueira Ward; Francisco Falzoni; Gabriel Andrade; Gabriel Araķjo; Gabriel Balardino Bogado Faria; Gabriel Pinheiro Cunha Brandão; Gabriel Starling; Gabriel Zanini Soares Da Silva; Gabriela Gusmão De Lima; Gean Homem Marzarotto; Geraldo Nagib Zahran Filho; Gianfrancesco Geraldini Antonangeli; Gilles De Azevedo; Giovane Kauer; Glauco Lo Leggio Morais; Guilherme; Guilherme Cardoso; Guilherme Candeira; Guilherme Fabrūcio; Guilherme Piassa; Guilherme Sassaki; Guilherme Silva; Gustavo Alves Pires; Gustavo Bernardo; Gustavo Henrique Alves Domingues; Gustavo Henrique Trajano Do Nascimento; Gustavo Martinez; Gustavo Santos; Guthyerres Borges; Handressa; Heber Pereira; Heitor Moraes; Henrique Meneses; Henrique Suzuki; Herica Freitas; Hélcio Vitor Pandini Siqueira; Hugo Aparecido Oliveira Dos Santos; Ian Bonfim; Iara Grisi Souza E Silva; Icaro Oliveira; Igor Bajo; Isa Vitorino; Isabela Fontanella; Isolda Florencio; Ivan Lemos; Jackson Luiz De Marco; Janaina Cristina Jaques Moron; Jeferson De Santana Correa; Jeferson Estevo; Jefferon; Jerry Vinūcius Silva De Souza; Jhonny Rossi; Júlio Pedroni; João Carlos Rodrigues; João Matias; João Pedro Rosa Ferreira; João Rafael Marcelino; Joanna Albuquerque; Joao L. D. Dantas; João Lucas Arruda; Joao Paulo Busche Da Cruz; João Pedro Porto Pires; Joao Vitor Mateus Silva; Joenito Mesquita; Jonathas Barreto Pessoa Silva; Josair Gonáalves Junior; José Enio Benicio De Paiva; Jotta Santos; Jácomo Gustavo Pilati; Jéssica Loyana Teles; Jéssica Pisetta; John L. F. Silver; Juliana Leyva; Juliana Itikawa; Julissy Tocachelo; Karen Toledo; Karolinny Q G C Moura; Kevin Cavalcante Meira; Lario Dos Santos Diniz; Larissa Mignon; Leandro Schwarz; Leiz Nunes Pereira Da Silva; Leonardo Antonio Mendes De Souza; Leyciane Santos; Luan Régis Da Silva; Lucas Abiscula; Lucas Alves Serjento; Lucas Dressler Germano Souza; Lucas Jose Bernardi; Lucas Marques; Lucas Mikio Bastos Uyeda; Lucas Rodrigues Oliveira; Lucas Rosa; Lucas Santana Da Silva; Lucas Sassaqui; Luis Gustavo Lorgus Decker; Luiz Fernando Fagundes; Luiza Dutra; Lydianne Guūmel Antunes Machado; Maiara Alvarez; Marcela Rausch; Marcelo Rebelo; Marcelo Carvalho Rodrigues; Marcelo Duarte Wergles; Marcelo Miyoshi; Marcelo Santana Do Amaral; Marcos Nascimento; Marcos Fernando Alves De Moura; Marcos Souza De Araujo; Marcos Vinicius; Maria Carolina Bernardino Carvalho ; Mariane Silvestre ; Marilia Castro; Marina Bruxel; Marina Melo Pires; Mateus Santos; Matheus Berlandi; Matheus Cangussu; Matheus Lamper; Matheus Nery; Mattheus Belo; Maíra Carneiro; Mauricio Oliveira; Maurício Moura Costa; Maurício Juchum; Maxwell Rocha Santos; May W.; Mayron Rodrigues Dos Santos; Michele Gomes; Michelle Gontijio Rodrigues; Michelle Mantovani; Mike Abrantes; Moacir Luiz Cagnin; Moises Almeida; Mônica De Faria; Murilo Fernandes Lobato Marques; Natalia Blinke; Natanael Nunes Flach; Neuber Jone; Ńguida Lucena; Pablo Laner; Pablo Santos; Palacio Corleone; Patrick Buchmann; Paulo Alexsandro De Andrade Campos; Paulo Campos; Paulo Collares; Pedro Grassmann; Pedro Nascimento; Pedro Henrique Wieck Gonáalves; Pedro Lausi Poáas; Pedro Rodrigues; Pedro Tenório; Pedro Vinicius Da Silva Militao; Priscila Barone; Rafael Augusto De Lima; Rafael Baptistella Luiz; Rafael Braga Morett; Rafael M. Telerman; Rafael Pieper; Rafaela Flausino Malechesk; Raphael Do Nascimento Prado; Raphael Figueiredo Medeiros Lima; Raphael Pigozzo; Rayssa Fluvierz; Renan Lucena; Renan Otvin Klehm; Renan Shirabiyoshi Vieira; Renata Bartolomeu; Renata Bruscato; Renato Bordenousky Filho; Renato Campos; Rennan Magalh„Es; Ricardo Nespoli; Ricardo Silva; Ricardo Araujo; Ricardo Bordenousky; Ricardo Castro; Ricardo Laurentino Cintra Leite; Ricardo Mendes; Ricardo Santo; Ricardo Tuma Guariento; Roberta Pisco; Roberto Rodrigues; Roberto Spinelli Filho; Robson F. Vilela; Rodolpho Freire; Rodrigo Reis; Rodrigo Braga; Rodrigo Camargo; Rodrigo Junior Martins De Backer; Rodrigo Laureano; Rodrigo Magalhaes Mesquita; Rodrigo Rabelo; Rodrigo Ribeiro; Rodrigo Soares Azevedo; Sabrina; Samarone Cardoso; Samuel Volpato; Sandro Lazari; Selassié De Andrade Silva Júnior; Sérgio Coelho Bessa Da Costa; Silvio Misono Rodrigues; Silvio Vieira De Melo Junior; Tábatta Carneiro; Thais Boccia; Tharciano Dark Oliveira; Thigo Lara; Tiago Minatel; Tiago Oliveira; Uilma Melo; Ulisses Jose Peralta Dos Santos; Valdemario Oliveira Carvalho Junior; Valdo Raya; Victor Adriel Todescatto Kerller; Victor Hugo Alexandre; Vinicius Emanuel ; Vinicius Watzl; Vinicius Gagno Lima; Vinicius Zhu; Vinícius Batista; Vinícius Hillebrand Andriola; Vinícius Ribeiro Rodrigues; Vitor Busso; Vitor Carvalho; Vitor Coutinho Fernandes; Vitor Pra Medeiros; Wagner Rodrigues Dos Santos; Wallace Apolinário; Wayne Alvim; Wévison Guimarães; Yohance; Zero Dalmaso Carmona.

OBRIGADO A TODOS! E ESPERO LER SEU NOME NO PRÓXIMO GUAXAVERSO!

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Abril Verde o mês da promoção da Atividade Física com Victor Matsudo (Quatrode15 #193)

Por: Yuri Motoyama · Portal Deviante

Esse é um episódio especial em parceria com o Ciência do Exercício e Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde onde batemos um papo com o professor Victor Matsudo. O professor Matsudo é uma referência gigante quando se fala em promoção de saúde e ciência do exercício. Aproveite essa conversa maravilhosa e conheça essa figura única que contribui tanto para nossa área.

Podcast Quatrode15 #193 apareceu primeiro em Quatrode15

Capa do episódio:

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Fronteiras no Tempo: Historicidade #56 Operárias negras: lutas e controle patronal na fabricação de charutos

Por: C. A.

O Historicidade deste mês vai debater o momento pós-abolição a partir das experiências de resistência e organização do trabalho das mulheres negras fumageiras do Recôncavo Baiano. O historiador Carlos Augusto Braga investigou milhares de registros de empregadas da indústria de charutos e cigarrilhas da região e outros documentos para identificar marcadores raciais e de gênero que buscavam disciplinar o trabalho e a vida das operárias. Diante disso, elas protagonizaram várias lutas por meio do que foi chamado à época de “indisciplina”, ou através também de pequenos furtos, dentre outras ações que representavam a sua crítica ao modelo produtivo da indústria. Neste papo vamos conhecer algumas das inspiradoras histórias destas mulheres que, mesmo libertas da escravidão, não deixaram de lutar por sua liberdade de todas as opressões e por condições dignas e justas de vida e trabalho.

Arte da Capa

Arte da CapaDanilo Pastor


INSCREVA-SE PARA PARTICIPAR DO HISTORICIDADE

O Historicidade é o programa de entrevistas do Fronteiras no Tempo: um podcast de história. O objetivo principal é realizar divulgação científica na área de ciências humanas, sociais e de estudos interdisciplinares com qualidade. Será um prazer poder compartilhar o seu trabalho com nosso público. Preencha o formulário se tem interesse em participar.

Link para inscriçãohttps://forms.gle/4KMQXTmVLFiTp4iC8


Financiamento Coletivo

Estamos em processo de mudança do PADRIM  para outro sistema de financiamento coletivo – novidades em breve

PIX: [chave] fronteirasnotempo@gmail.com


Saiba mais do nosso convidado

Carlos Augusto Santos Neri Braga

Redes sociais: Instagram @gutto.malungu

Currículo Lattes

Contato: gutto_guitar@hotmail.com


Divulgação da produção do convidado

BRAGA, Carlos Augusto Santos Neri. Operárias negras: lutas e controle patronal na Cia. Charutos Dannemann e na Costa Penna & Cia. (1910-1950). Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Salvador, 2021.

Links

Carlos Augusto Braga – Fumageiras e a manufatura da história: lutas de operárias negras na Bahia

Roda de história – material didático sobre as operárias – https://www.rodahistorias.pro.br/

Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #13 Chica da Silva e histórias de resistência de mulheres negras


Indicações de referências sobre o tema abordado

ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. O jogo da dissimulação: abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. trad. Heci Regina Candiani. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2016.

DOMINGUES, Petrônio; GOMES, Flávio dos Santos. Da nitidez e invisibilidade: legados do pós-emancipação no Brasil. Belo Horizonte: Ed. Fino Traço, 2013

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje. Anpocs. p.223-244. 1984


Selo saberes históricos

Agora o Fronteiras no Tempo tem o selo saberes históricos. O que é este selo?

“O Selo Saberes Históricos é um sinal de reconhecimento atribuído a:

● Práticas de divulgação de saberes ou produções de conteúdo histórico ou historiográfico
● Realizadas em redes sociais ou mídias digitais, voltadas para públicos mais amplos e diversificados
● Comprometidas com valores científicos e éticos.”

Saiba mais: https://www.forumsabereshistoricos.com/


Redes Sociais TwitterFacebookYoutubeInstagram

Contato fronteirasnotempo@gmail.com


Como citar esse episódio

Fronteiras no Tempo: Historicidade #56 Operárias negras: lutas e controle patronal na fabricação de charutos. Locução: Marcelo de Souza e Silva e Carlos Augusto Santos Neri Braga [S.l.] Portal Deviante, 15/04/2024. Podcast. Disponível em:  https://www.deviante.com.br/?p=62447&preview=true


Expediente 

Arte da vitrine: Danilo Pastor; Edição:  Talk’nCastRoteiro e apresentação: Marcelo Beraba


Madrinhas e Padrinhos 

Alexsandro de Souza Junior, Aline Lima, Allen Teixeira Sousa, Anderson Paz, André Luiz Santos, Andre Trapani Costa Possignolo, Artur Henrique de Andrade Cornejo, David Viegas Casarin, Elisnei Menezes de Oliveira, Ettore Riter, Flavio Henrique Dias Saldanha, Klaus Henrique De Oliveira, Luciano Abdanur, Manuel Macias, Rafael Machado Saldanha, Ramon Silva Santos, Renata Sanches, Ricardo Augusto Da Silva Orosco, Rodrigo Olaio Pereira, Thomas Beltrame, Tiago Nogueira e Wagner de Andrade Alves

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Crescimento Populacional, Caos e Efeito Borboleta Explicados do Jeito Menos Interessante Possível (Parte 2)

Por: Augusto Cainelli

Como o título já aponta, essa é a continuação do texto sobre sistemas caóticos, disponível aqui. No texto passado, vimos que é possível extrair um comportamento caótico a partir de um sistema determinístico muito simples, como o modelo de crescimento populacional. Hoje vamos explorar o histórico dessa área da matemática e falar com mais profundidade sobre algumas características do sistema caótico mais importante: o sistema de Lorenz.

Antes do texto, algumas ressalvas. A ideia para esses dois textos já vem de muito tempo, portanto não poderia prever algumas coisas relacionadas aos tópcios aqui descritos. Aqui vão algumas explicações:

  1. O sistema de Lorenz e o conceito de caos foi citado extensivamente no SciCast do dia 26/04/2024, sobre determinismo. Corro o risco de repetir algumas coisas aqui, mas como disse, esse texto já estava pronto antes de eu ouvir o programa. Acredito que o texto servirá para demonstrar alguns conceitos de maneira mais prática, complementando as explicações dadas no podcast, ainda mais que eu posso aqui usar imagens e gráficos, algo muito importante nessa área, como já vimos no texto passado
  2. O que eu não poderia ter deixado passar é que já existe um podcast sobre a Teoria do Caos aqui da casa. É na verdade uma gravação de uma palestra no Pint of Science de 2017 e, novamente, esse texto servirá como um complemento para os tópicos ali tratados.
  3. Não foi de caso pensado (eu nunca conseguiria escrever um texto tão rapidamente) em que a parte histórica começaria com o tema do Problema de Três Corpos, nome de uma série recente da Netflix com mesmo nome. No meio tempo entre pensar e terminar o texto, a série foi lançada, um burburinho foi feito e uma segunda temporada foi sumariamente cancelada. Eu não a vi, então não sei quanto ela impacta no texto, se alguma boa alma puder deixar nos comentários eu agradeço.
  4. E por fim, spoiler do texto, mas o Sistema de Lorenz é um modelo matemático que descreve a evolução do clima no tempo. Verdade seja dita, ele é mais importante para a matemática do que para as ciências climáticas mas, eu preciso comentar que no momento que eu estou escrevendo (11/05/2024) o meu estado, o Rio Grande do Sul passa pela maior catástrofe climática da sua história. Já estou preparando um texto sobre o assunto, mas de qualquer forma gostaria de deixar aqui minha solidariedade para todos os habitantes afetados e ressaltar para a posterioridade (afinal, textos na internet são eternos, não?) o descaso e a falta de preparo das forças políticas que estavam no poder.

 

meme choque de cultura

“Acho que deu uma pesada no clima do programa”

Depois desse momento com a positividade lá no alto, vamos para o texto.

 

Senta que lá vem a história

Vamos retroceder um pouco para entender do que estamos tratando. Na verdade retrocederemos bastante, até a época de Issac Newton (1642 – 1726), que dispensa apresentações. Ficou trancado em casa, inventou o cálculo; viu uma maçã caindo da árvore, bolou as leis básicas da mecânica; no final da vida abandonou a ciência e virou ministro das finanças do Rei.

O que nos interessa aqui é o desenvolvimento da mecância celeste e do movimento dos planetas. Começando pelo caso mais simples, ele estudou a interação entre dois corpos, como por exemplo a Terra e a lua, ou a Terra e o Sol. Com essa simplificação ele já foi capaz de desenvolver muito da sua teoria da Gravitação universal.

 

problema de dois corpos

A relação entre dois corpos é diretamente proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre seus centros de massa.

Na mesma época ele tentou atacar um problema óbvio que aparecia: e a influência de um outro corpo? Esse ficou conhecido como o Problema de 3 corpos e supostamente tirou o sono do rapaz Newton e lhe deu “dores de cabeça” intensas. Há algum esboço de resolução no Principia Mathematica (o livro onde ele descreve as três leis da mecância clássica) mas nada definitivo.

Com o passar dos séculos, vários matemáticos se debruçaram sobre o problema, porém foi apenas no final do século 19, quando o Rei da Suécia ofereceu um valioso prêmio monetário, que o problema foi “resolvido”. O francês Henri Poincaré (1854 – 1912), reconhecido como um dos maiores matemáticos da sua época, ganhou o prêmio, mesmo não resolvendo inteiramente o problema. No entanto sua análise trouxe muitos avanços para  entendimento do problema e foi a primeira a descrever o comportamento aparentemente “caótico” das órbitas.

Um pequeno exemplo da órbita de três corpos de massas ligeiramente diferentes. Fica claro que apenas adicionando mais um corpo a complexidade do sistema se eleva muito.

(Uma outra dificuldade era que Poincaré tinha muitos problemas de visão e dificuldades em desenhar, além de escrever quase em fluxo de consciência. Seus trabalhos nessa área, que basicamente exigem desenhos complicados, não foram facilmente compreendidos).

Apesar desse problema ser um clássico para os matemáticos da época, logo depois da resolução de Poincaré surgiu um outro tópico entre os estudiosos: a mecânica quântica. Não tinha mais tanta graça resolver esse tipo de problema ligado à mecânica clássica. O Caos teria que esperar.

 

O sistema de Lorenz

Alguns avanços foram feitos na teoria dos sistemas dinâmicos no início do século XX, em diferentes problemas do mundo real que exigiam esse tipo de equações. Mas, desenvolvimentos muito mais poderosos só aconteceriam com a chegada do computador.

Percebam que, na nossa análise do primeiro texto, eu gerei gráficos e dei as respostas facilmente com o uso de um software. No caso de Poincaré, por exemplo, era necessário resolver as equações analiticamente, ou seja encontrar uma solução, ou um conjunto de soluções, para elas, como nos problemas de álgebra do colégio (x + 2 = 5, por exemplo, x vale 3). Para confirmar com os dados e desenhar os gráficos era preciso muita precisão nos cálculos manuais, algo que dificultava muito o trabalho.

Edward Lorenz (1917-2008) era um matemático e meteorologista que estava trabalhando em modelos computacionais da atmosfera. Ele se propôs à simples missão de fazer a previsão do tempo de maneira mais acurada. Ele estava crente que poderia descrever a natureza se tivesse acesso a todas as variáveis (algo muito bem explicado no SciCast sobre Determinismo). No início dos anos 60 ele desenvolveu um modelo que continha 12 parâmetros do tempo (como temperatura, pressão, velocidade do vento, etc.) e estava rodando um sistema parecido com o da nossa análise do primeiro texto (os valores se atualizavam a cada iteração). O programa mostrava o valor de cada um dos 12 parâmetros a cada passo do tempo em uma linha de uma tabela. Portanto, as colunas simbolizavam o tempo passando.

Em um certo momento Lorenz decidiu refazer uma análise, partindo de um certo ponto no meio do sistema (como na vigésima repetição do programa, por exemplo). Ele utilizou esses valores como valores  iniciais e rodou o programa.

Após um certo tempo ele percebeu que os valores divergiam dos valores do outro teste. E divergiam muito. Algo que não fazia sentido, pois eram as mesmas equações sendo aplicadas nos mesmos valores. Após provavelmente achar que estava ficando maluco, Lorenz percebeu que tinha inserido os valores com três casas decimais, como era exibido no resultado, porém o computador calculava com seis casas decimais. Portanto, o que ele viu como 0,506 por exemplo, na verdade era 0,506127. E essa pequena variação, de menos de 0,1 % talvez fosse a responsável pelo erro, que obviamente havia sido amplificado de alguma forma.

Lorenz simplificou seu modelo de 12 equações para um com apenas 3 equações e 3 variáveis e alguns parâmetros. Essas equações tinham uma base real na física dos fenômenos atmosféricos (convecções, movimentos de massas ar, etc.).

Com esse modelo ele pôde estudar o comportamento com diferentes parâmetros e, em um artigo de 1963, demonstrou e provou a amplificação das pequenas variações nas condições iniciais no resultado final e cunhou o termo Caos para designar esses sistemas.

A equação usada no artigo de 1963 de Lorenz. As letras x, y e z representam os parâmetros que Lorenz estava medindo. Os termos da esquerda da igualdade  (dx/dt, dy/dt e dz/dt) simbolizam a taxa de mudança no tempo de cada quantidade e os símbolos à direita (sigma, rho e beta) são constantes. Percebam que os valores de x,y e z aparecem nas outras equações, o que simboliza a influência de um parâmetro na variação do outro.

Os resultados do tempo podem ser apresentados como uma trajetória em um espaço de três dimensões, uma para cada variável. Cada ponto do espaço é um conjunto de três valores para cada variável do sistema naquele instante t,  o que chamamos de diagrama de fases. Esses valores de x, y e z têm um significado real na análise do clima, porém isso não é o mais importante! No seu trabalho de 63, Lorenz demonstrou que esse tipo de sistema caótico é puramente matemático, uma propriedade intrínseca das equações. Se escolhermos os parâmetros e uma posição inicial qualquer (ou seja, se pegarmos 3 valores de x, y e z ao acaso e começarmos a repetir a equação) o resultado graficamente será o seguinte:

Gráfico 3d para o sistema de Lorenz com parametros: ρ = 28, σ = 10, β = 8/3.

PARECE AS ASAS DE UMA BORBOLETA, NÃO? Pode buscar o seu cérebro, tenho certeza que ele está escorrendo no chão depois dessa explosão de cabeças. Foi justamente esse desenho que o inspirou a criar a frase “o bater das asas de uma borboleta no Brasil pode causar um tornado no Texas”, que na verdade é uma licença poética dele, como também é muito bem explicado no SciCast 198 sobre o Caos. O que ele quis dizer é que esse conjunto de equações é muito sensível às condições iniciais.

Se traçarmos as trajetórias de dois pontos partindo de valores iniciais muito próximos, veremos que elas seguem juntas por um tempo até se separarem e seguirem rotas totalmente diferentes (as curvas de diferentes cores no gráfico abaixo). Apesar disso vemos que elas “circulam” dois polos (as “asas” da borboleta) e em alguns momentos trocam de polo. Isso é um comportamento clássico desse tipo de sistema e é chamado de ATRATOR ESTRANHO (eu admiro muito os nomes que as coisas têm nessa área), mas isso é papo para outro texto.

Cada cor do gráfico representa um ponto inicial, podemos ver na legenda que os valores de x e y são iguais nos 4 mas o valor de z muda 1% (roxo), 0,1% (amarelo) e 0,001% (vermelho) do primeiro valor (azul). Dá pra perceber que eles seguem trajetórias bem diferentes, embora com “desenhos” parecidos.

 

No entanto, esses trabalhos geniais de Lorenz foram publicados nos anos 60 no “Journal of Atmospheric Sciences” por se tratar de um modelo inicialmente atmosférico. Para facilitar a visualização, Lorenz havia diminuindo o sistema de 12 para 3 variáveis (pois permite uma visualização em 3D), mas para isso precisou simplificar e desconsiderar vários fatores. Com isso, os trabalhos foram criticados por serem péssimos modelos climáticos, e o estudo matemático do Caos ficou dormente por mais algum tempo.

Nos anos 70 os trabalhos foram redescobertos e estudados mais intensamente pela galera da matemática. Por exemplo, a análise da equação populacional que eu trouxe no primeiro texto foi proposta em 1976 por Robert May na Nature, que, por ser uma revista muito mais conhecida e lida por pessoas de várias áreas, trouxe luz para esse tipo de modelo.

 

O ápice da popularidade

No entanto acho que um feito desproporcionalmente grande que o estudo de sistemas dinâmicos e do caos teve foi a inclusão do personagem Ian Malcom, vivido por Jeff Goldblun, numa das obras primas da sétima arte: o filme Jurassic Park de 1992.

Eu só uso jaqueta de couro por causa do Dr. Ian Malcom.

Isso é algo impensável para qualquer outra área do conhecimento. Temos hackers, cientistas genéricos etc. Mas o Dr. Ian Malcom era um matemático que estudava sistemas dinâmico, era marrento e “cool”. Obviamente a obra toma alguma liberdades poéticas nas suas falas, mas cabe ressaltar que a cena da gota da água na mão da Ellie (a paleontóloga vivida pela Laura Dern) é impressionantemente acurada na explicação da sensibilidade às condições iniciais.

A magia do cinema é que ele consegue explicar em uma cena de 5 minutos o que eu precisei de mais de 4000 palavras dividas em dois textos. Mas vocês estavam avisados que seria da forma “menos” interessante possível.

 

Referências e Links Legais

Scicast #589 Determinismo. Como eu disse, as duas obras (esse texto e o podcast) se complementam bem. Aqui há uma discussão mais profunda do sistema de Lorenz e as imagens enquanto lá foi feita uma abordagem mais filosófica, muito interessante inclusive.

Scicast #198 Teoria do Caos. Aqui a turma fala mais sobre as implicações práticas do caos e menos sobre como ele aparece matematicamente, que foi o propósito desse texto.

Vídeo com o desenho do Retrato de Fase do sistema de Lorenz, para ficar mais claro a visualização.

Uma explicação muito melhor do Caos no Jurassic Park.

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A natureza humana em tempos de desastres climáticos

Por: Laboratório de Neurociência Social (LNS/FURG)

Autor: João Centurion Cabral *

Muitos filmes e séries sobre distopias disfarçam, através da ação ou da complexidade de suas tramas, o seu verdadeiro tema central: as profundezas da natureza humana sob condições extremas. Em meio à luta pela sobrevivência, as máscaras caem e as camadas mais obscuras do comportamento humano emergem, revelando em muitas pessoas a frieza e a falta de empatia. O espelho metafórico dessas obras extraordinárias reflete, de maneira hiperbólica, as fundações de nossa própria sociedade em momentos de crise. Em muitas narrativas, as desigualdades se tornam gritantes e os mais vulneráveis são deixados para trás enquanto os “privilegiados” se agarram aos poucos recursos disponíveis, lutando ferozmente pelo seu controle.

Isso nos remete ao cenário catastrófico enfrentado pelo Rio Grande do Sul, onde os eventos climáticos extremos provocam enchentes e destruição em uma grande parte do estado. Lamentavelmente, podemos traçar paralelos perturbadores entre os enredos distópicos das ficções e a realidade angustiante que assola nossa região. Neste contexto de desastre que nós gaúchos enfrentamos, as disparidades sociais se acentuam, ecoando as dinâmicas de uma sociedade já assimétrica. Enquanto alguns lutam para sobreviver nas águas das enchentes ou com o que sobrou delas, outros se aproveitam da desgraça alheia em busca de lucro rápido ou prestígio, evidenciando um lado sombrio da humanidade que contradiz a solidariedade que desejamos ver em momentos difíceis.

Nessa calamidade pública que assolou o estado, muitas pessoas correram aos mercados para forrar seus estoques de galões de água, mesmo em cidades onde o abastecimento não foi interrompido, ignorando o fato de que outros podem estar em necessidade urgente de tais produtos. As prateleiras de alimentos e de outras mercadorias essenciais estão ficando mais e mais vazias em algumas cidades, revelando a tragédia dos bens comuns, quando interesses pessoais ferem os interesses da comunidade. Somado a isso, os saques começam a acontecer e os preços de produtos básicos começam a subir por ganância desenfreada e, assim, a ficção distópica se torna cada vez mais real.

No entanto, assim como nas tramas dos filmes que tanto nos emocionam, sempre há uma reconfortante esperança humanista em meio às lamas da adversidade. Em momentos de crise surgem inúmeros indivíduos que desafiam as tendências egoístas, estendendo a mão para quem precisa. Eles nos lembram que, mesmo nos momentos mais tempestuosos, a humanidade ainda é capaz de grandes gestos de solidariedade e compaixão. Assim como os personagens de ficção científica, esses benfeitores não nos deixam esquecer que a natureza humana também é composta pela cooperação e pela empatia.

As colaborações genuínas podem propiciar soluções criativas que nos guiam até a superação coletiva. Desta forma, entendemos que dentro de nós convivem tendências muito diversas e complexas, que expressam do pior ao melhor da nossa espécie, cabendo a nós o poder de decidir o lado a ser mostrado em momentos de crise. A solidariedade que o povo brasileiro está demonstrando nos dá a confiança de que juntos somos mais fortes e mais resistentes do que jamais poderíamos ser individualmente.

Doe o que você não está precisando: https://emergencia.paraquemdoar.com.br

 

 

* Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande e Coordenador do Laboratório de Neurociência Social 

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Chute 340 – A Rússia e a reeleição de Putin, com Daniela Secches

Por: Filipe Mendonça · Portal Deviante

Neste episódio Filipe Mendonça conversa com Daniela Secches (PUC-Minas) sobre a Rússia e a reeleição de Vladmir Putin.

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Obras de referência de Daniela Secches:

  • LUCENA, A. M. M. ; LEITE, A. ; SECCHES, D. V. . Asiatic decision maker: Russian Federation and its search for safety strategic leadership in Central Asia by the Shanghai Cooperation Organization (SCO) (2001-2018). Relaciones Internacionales, v. 31, p. 1, 2022.
  • SECCHES, D. V.; BERNARDES, M. ; ROCHA, P. D. . A Construção do Pensamento sobre o Internacional na Rússia: identidades, projetos político-pragmáticos e o Ocidente. Carta Internacional, v. 16, p. 1-22, 2021.
  • SECCHES, D. V.; BERNARDES, M. . Poucas e impactantes palavras sobre o internacional no discurso de Vladimir Putin à Assembleia Federal em 2021. CONJUNTURA INTERNACIONAL (BELO HORIZONTE. ONLINE), v. 18, p. 36, 2021.

Participaram deste podcast:

  • Filipe Mendonça
  • Geraldo Zahran
  • Daniela Sechhes

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Chute 339 – Disputa tecnológica entre Estados Unidos e China

Por: Filipe Mendonça · Portal Deviante

Neste episódio Filipe Mendonça conversa com Alexandre Cesar Cunha Leite (UEPB) sobre a disputa tecnológica entre a China e os Estados Unidos, tendo como foco a repercussão dos avanços alcançados pela China nas tecnologias de quinta geração e como estes avanços se constituíram em uma ameaça à segurança e à hegemonia estadunidense.  Aperte o play!

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Citado no episódio:

Participaram deste podcast:

  • Filipe Mendonça
  • Alexandre Leite

Trilha sonora:

  • SMZB – ‘Ten Thousand Ways To Rebel’

Capa do episódio:

Imagem gerada por Inteligência Artificial

 

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Manufatura: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo (SciCast #591)

Por: Tarik Fernandes · Portal Deviante

Sejam bem vindos aos anais da história industrial, onde as forças da produção não apenas moldaram máquinas, mas também esculpiram os contornos da economia. Das últimas décadas do século XIX ao apogeu dos anos 80, testemunhamos uma sinfonia de inovações, desde os princípios da Administração Científica de Taylor até a vanguarda do Sistema Toyota de Produção.

 

 

 

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Produção Geral: Tarik Fernandes e André Trapani

Equipe de Gravação: Tarik Fernandes, Fernando Malta, Roberto Spinelli, Guilherme Dinnebier, Giullian Nóbrega

Citação ABNT: Scicast #591: Manufatura: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo. Locução: Tarik Fernandes, Fernando Malta, Roberto Spinelli, Guilherme Dinnebier, Giullian Nóbrega. [S.l.] Portal Deviante, 10/05/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast-591

Arte: Getty Images


Referências e Indicações

Sugestões de literatura:

  • ARAÚJO, J. S. (1973). Administração de Materiais. São Paulo: Atlas.
  • ARNO Zomerdijk & Vries (2003), LD, J. R. (1999). Administração de materiais. São Paulo: Atlas.
  • BALLOU, R. U. (2005). Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. Porto Alegre: Bookman.
  • CHOPRA, S., & MEINDL, P. (2004). Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo – SP: Pearson Education do Brasil.
  • DIAS, M. A. (1993). Administração de Materiais: Uma Abordagem Logística. São Paulo: Atlas.
  • FRANCISCHINI, P. G., & GURGEL, F. d. (2002). Administração de Materiais e do Patrimônio. São Paulo: Pioneira Thomson.
  • Rezende, A. C.2015, Entendendo a Logística. 1ed. IMAM São Paulo, SP, Brasil.
  • The Taylor System—Man’s Enslavement by the Machine, Put Pravdy No. 35, March 13, 1914. V. I. Lenin

 

Sugestões de filmes:

  • Tempos modernos
  • Indústria Americana – Netflix
  • Desserviço ao consumidor (série) – Netflix
  • Rotten (série) – Netflix
  • Queda livre – Netflix

 

Sugestões de links:

  • AequilibraE: pacote para modelagem de transporte em Python (“shortest path”). Disponível em: http://www.aequilibrae.com/python/latest/

 

Sugestões de games:

  • Container (jogo de tabuleiro)
  • Factorio (PC)
  • Transport Fever (PC)

 

Notícias comentadas no episódio:

 

 

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Chute 338 – Fome em Gaza

Por: Filipe Mendonça · Portal Deviante

Neste episódio Filipe Mendonça e Geraldo Zahran conversam com Thiago Lima (UFPB) sobre fome na faixa de Gaza. Aperte o play!

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Citado no episódio:

Participaram deste podcast:

  • Filipe Mendonça
  • Geraldo Zahran
  • Thiago Lima

Trilha sonora:

  • Sonho de Ícaro, Biafra
  • Fome de tudo, Nação Zumbi

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Chute 242 – Refugiados climáticos no Rio Grande do Sul

Por: Filipe Mendonça · Portal Deviante

Conversamos com Fabrício Pontin (LaSalle) e Gabriel Narciso Pareja (CIBAI Migrações) sobre o desastre climático no Rio Grande de Sul e a situação dos refugiados climáticos no estado. Aperte o play!

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Lista de instituições citadas no episódio:

CIBAI Migrações / Chave PIX (CNPJ) 90.397.555/0012-64
Universidade La Salle / Chave PIX (E-mail) 7262.001790@lassale.org.br
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) / Chave PIX (email) soscanoas@ulbra.br
Onda Animal / Chave PIX (CNPJ) 05.573.676.0001/98
Ajudantes de Canoas / Chave PIX (celular) 51994123000
Grupo de resposta a animais em desastres / Chave PIX (CNPJ) 54.465.282/0001-21
Toca dos Bichos Oficial/ Chave PIX (CNPJ) 35815847000109

Principais remédios em falta no Rio Grande do Sul:

Cefalexina, Amoxicilina, Azitromicina; Amoxicilina com clavulanato, Doxiciclina, Ivermectina, Miconazol tópico, Fluconazol; Sertralina 50 mg, Citalopram 20 mg, Risperidona 1 mg, Carbamazepina, Amitriptilina, PACO, Tramadol; Anlodipino 5 mg, Atenolol 25 mg, Furosemida 40 mg, Dinitrato de isossorbida, Salbutamol, Beclometasona, Plasil e Dramin.

Participaram deste episódio:

  • Fabrício Pontin
  • Gabriel Narciso Pareja
  • Filipe Mendonça

Trilha sonora: 

Capa do episódio:

Foto de Canoas/RS

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Estrutura: o tintilar dos materiais cristalinos – Parte 2

Por: Francisco Lanferdini Serafini

A Parte 1 desse assunto foi apresentada AQUI. Na Parte 2, contemplada neste texto, poderemos verificar detalhes de uma estrutura cristalina e as informações mais importantes que se obtém ao analisa-la, além de verificar como (e se ocorre) a formação de cristais em material sólido.

Detalhes de estruturas cristalinas cúbicas

A estrutura cristalina CFC já foi apresentada na Parte 1 e volta novamente agora, na Figura 1. Essa é uma estrutura cristalina comum em muitos metais, a qual é uma célula unitária em forma de cubo, onde os átomos ficam em cada canto e no centro de todas as faces. Alguns metais familiares com essa estrutura são cobre, alumínio, prata e ouro. Na Figura 1 (a), você pode ver um modelo de esferas rígidas representando essa célula unitária CFC, enquanto na Figura 1 (b), os átomos estão marcados como pequenos círculos para mostrar melhor suas posições.

 

Figura 1 — Para a estrutura cristalina cúbica de faces centradas, podem ser apresentadas: (a) uma representação da célula unitária usando esferas rígidas (nos vértices temos 1/8 de uma esfera e nas faces, 1/2), (b) uma célula unitária com esferas reduzidas e (c) um agrupamento de muitos átomos.

Na estrutura CFC, cada átomo em um canto é compartilhado por oito células vizinhas, enquanto os átomos nas faces são compartilhados por duas células. Isso nos dá oito átomos nos cantos e seis nas faces, totalizando quatro átomos inteiros atribuídos a cada célula unitária.

Cada átomo em um CFC tem doze vizinhos mais próximos, o que chamamos de número de coordenação. Por exemplo, um átomo na face tem quatro vizinhos nos cantos ao redor dele, quatro na face oposta e quatro em faces equivalentes na próxima célula unitária.

O fator de empacotamento atômico (FEA) é outra característica importante. No CFC, ele é de 0,74, o que significa que cerca de 74% do espaço dentro da célula é ocupado pelos átomos. Isso é bastante eficiente e típico de metais, que geralmente maximizam o empacotamento para proteger melhor seus elétrons livres.

Outra estrutura cristalina comum em metais é a estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC), apresentada na Figura 2. Nessa estrutura, cada célula unitária cúbica tem átomos em todos os oito cantos e um único átomo no centro do cubo. Isso é diferente da estrutura CFC, em que os átomos estão nos cantos e também nos centros das faces. Metais como cromo, ferro e tungstênio têm essa estrutura CCC.

Na célula unitária CCC, há oito átomos nos cantos e um no centro, totalizando dois átomos por célula. O número de coordenação na estrutura CCC é 8, o que significa que cada átomo central tem oito vizinhos nos cantos. Como há menos vizinhos do que na estrutura CFC, o fator de empacotamento atômico na CCC é um pouco menor, cerca de 68% do espaço é ocupado pelos átomos, em comparação com os 74% na CFC.

Figura 2 — Para a estrutura cúbica de corpo centrado, (a) uma representação da célula unitária usando esferas rígidas, (b) uma célula unitária com esferas reduzidas e (c) um conjunto de muitos átomos.

Para os demais sistemas cristalinos, também temos uma mesma forma geométrica em que átomos ocupam pontos diferentes dentro da célula unitária. Assim, todas as células unitárias são constituídas de pontos, direções e plano cristalográficos, nos quais podemos identificar as posições dos átomos e como eles interagem com seus vizinhos.

Pontos, Direções e Planos Cristalográficos

Como notamos, estruturas cristalinas são basicamente átomos em locais específicos. Dessa forma, é possível “endereçar” cada átomo em uma célula cristalina. Assim, temos os pontos, as direções e os planos cristalográficos.

Os pontos cristalográficos são posições específicas no espaço tridimensional onde os átomos, íons ou moléculas estão localizados dentro da rede cristalina. Cada ponto representa um sítio de ocupação, que indica a posição exata de um constituinte do cristal. Mais detalhes podem ser observados na Figura 3.

Figura 3 — A determinação das coordenadas q, r e s do ponto P dentro da célula unitária é realizada da seguinte maneira: a coordenada q, que é uma fração, representa a distância qa ao longo do eixo x, onde a é o comprimento da aresta da célula unitária. As coordenadas r e s para os eixos y e z, respectivamente, são determinadas de maneira análoga.

Direções cristalográficas referem-se às linhas imaginárias que conectam dois pontos cristalográficos adjacentes na rede cristalina. Elas são definidas por vetores direcionais que descrevem a orientação dos átomos na estrutura cristalina. As direções cristalográficas são expressas em termos de índices de Miller, que são números inteiros representando a proporção dos vetores direcionais em relação aos eixos do sistema de coordenadas cristalográficas (Figura 4).

Figura 4 — As direções [100], [110] e [111] dentro de uma célula unitária.

Planos cristalográficos são conjuntos de pontos cristalográficos que formam uma superfície plana dentro do cristal. Eles são descritos por meio de índices de Miller, que representam as interceptações dos planos com os eixos cristalográficos. Cada plano é representado por três números inteiros entre parênteses, como (hkl), onde h, k e l são os índices de Miller correspondentes aos interceptos com os eixos x, y e z, respectivamente (Figura 5).

Figura 5 — Representacoes de uma serie de planos cristalograficos, cada um equivalente a (a) (001), (b) (110) e (c) (111).

Monocristalino, policristalino e não cristalinos

Em um sólido cristalino, quando os átomos se organizam de maneira perfeita e repetida por toda a amostra, sem interrupções, temos o que chamamos de monocristal. Todos os pequenos blocos que formam esse cristal estão ligados da mesma maneira e têm a mesma orientação. Esses monocristais podem ser encontrados na natureza, mas também podem ser feitos em laboratório, embora seja um processo difícil devido ao controle rigoroso do ambiente necessário.

Quando um monocristal cresce sem ser impedido, ele assume uma forma geométrica regular, com lados planos, como vemos em algumas pedras preciosas. Essa forma nos dá pistas sobre a estrutura interna do cristal.

Uma foto de um monocristal de granada está na Figura 6. Nos dias de hoje, os monocristais são muito importantes em várias tecnologias modernas, especialmente em microchips eletrônicos, que usam monocristais de silício e outros materiais semicondutores.

Figura 6 — Fotografia de um monocristal de granada que foi encontrado em Tongbei, na Provincia de Fujian, China.

A maioria dos sólidos cristalinos é formada por muitos cristais pequenos ou grãos; a isso chamamos de policristalinos. Na Figura 7 podemos ver esquematicamente vários estágios da solidificação de um material policristalino. No início, pequenos cristais ou núcleos se formam em diferentes lugares. Esses cristais têm orientações aleatórias, como mostrado nos quadrados.

Conforme crescem, mais átomos do líquido ao redor são adicionados à sua estrutura. À medida que o processo de solidificação continua, os grãos vizinhos se juntam, forçando suas extremidades uns contra os outros. Como visto na Figura 7, cada grão tem uma orientação cristalográfica diferente. Além disso, quando dois grãos se encontram, há uma área onde os átomos não se encaixam perfeitamente, chamada de contorno de grão.

Figura 7 — Diagramas esquemáticos mostrando os vários estágios da solidificação de um material policristalino; os retículos quadrados representam as células unitárias. (a) Formação de pequenos núcleos de cristalização. (b) Crescimento dos cristalitos, com obstrução de alguns grãos adjacentes. (c) Conclusão da solidificação, com formação de grãos de formas irregulares. (d) Estrutura de grãos como seria observada sob um microscópio, com as linhas escuras representando os contornos dos grãos.

Foi dito que os sólidos não cristalinos não têm um arranjo regular e organizado de átomos em distâncias relativamente grandes. Às vezes, esses materiais são chamados de amorfos, o que significa basicamente “sem forma”, ou até de líquidos super-resfriados, porque suas estruturas atômicas se parecem com as de um líquido.

Podemos entender essa condição olhando para o dióxido de silício (SiO2), um composto cerâmico que pode existir em dois estados diferentes. A Figura 8 mostra desenhos esquemáticos para ambos os estados do SiO2. Embora em ambos os estados cada íon de silício esteja ligado a três íons de oxigênio, a estrutura é muito mais bagunçada e irregular no estado não cristalino.

Figura 8 — Esquema de duas dimensões mostrando a estrutura (a) do dióxido de silício cristalino e (b) do dióxido de silício amorfo.

Se um sólido será cristalino ou amorfo depende de quão fácil é transformar uma estrutura atômica aleatória no estado líquido em uma estrutura ordenada durante a solidificação. Por isso, os materiais amorfos têm estruturas atômicas ou moleculares complexas e só se organizam com dificuldade. Além disso, o resfriamento rápido a temperaturas abaixo do ponto de congelamento favorece a formação de um sólido não cristalino, já que há pouco tempo para o processo de organização.

Normalmente, os metais formam sólidos cristalinos, mas alguns materiais cerâmicos também são cristalinos, enquanto os vidros inorgânicos são amorfos. Quanto aos polímeros, eles podem ser completamente amorfos ou semi-cristalinos, com diferentes níveis de organização cristalina.

Como podemos ver, nem tudo são colunas, as vezes temos simplesmente amontoados de tijolos. Mas quando temos uma bela coluna, de forma estruturada, podemos tirar diversas informações pertinentes, desde empacontamento até propriedades. Em textos futuros, veremos mais sobre isso, inclusive até o que acontece quando faltam tijolos nessas colunas.

 


Fonte: Callister Jr, William D., and David G. Rethwisch. Callister’s materials science and engineering. John Wiley & Sons, 2020.

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Quando escolher entre a musculação e o funcional? com Cauê La Scala (Drops #63)

Por: Yuri Motoyama · Portal Deviante

Olá pessoas! Nesse “retorno” do Drops vamos responder a pergunta do nosso amigo ouvinte André Itami sobre uma dúvida que é muito interessante: como eu faço para decidir se devo treinar musculação ou ir para o treinamento funcional? Para isso trouxemos novamente o grande professor Cauê La Scala para nos trazer um ponto de vista interessantíssimo sobre esse questionamento.

O Podcast Quatrode15 Drops#63 apareceu primeiro em Quatrode15

Capa do episódio:

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Como Um Sabiá (RPGuaxa #163)

Por: Marcelo Guaxinim · Portal Deviante

RPG: Realidades Paralelas do Guaxinim, ou ainda RPGuaxa é um podcast gravado na forma de RPG; a cada episódio nosso Mestre Guaxinim apresenta um mundo novo aos jogadores e, juntos, criam uma nova história.

Todo programa é uma aventura única, uma história com inicio, meio e fim.

Tema do Episódio: Aventura


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Produção e Edição Final: Marcelo Guaxinim.

Edição: Rafael Zorzal

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OBRIGADO A TODOS! E ESPERO LER SEU NOME NO PRÓXIMO GUAXAVERSO!

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Comprando Coisas no Paraguai! (Miçangas #209)

Por: Marcelo Guaxinim · Portal Deviante

Essa semana vamos atravessar a ponte da amizade em busca de descontos!


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Estrutura: o tintilar dos materiais cristalinos – Parte 1

Por: Francisco Lanferdini Serafini

Dando continuidade nos estudos relacionados à Ciências dos Materiais, que começou no Scicast #545 e teve continuidade em outros textos (1, 2, e 3) aqui no Portal Deviante, abordaremos mais conceitos relacionados à estrutura de materiais.

Estamos familiarizados com a ideia de que materiais são compostos de átomos e que muito da sua classificação se dá pelo tipo de ligação química. Mas um átomo estar ligado com outro é capaz de explicar as propriedades desse material por si só? Será que os átomos de ferro ao se ligarem já fazem um lingote metálico com todas as suas características? Veremos, nesse texto, que temos mais elementos para essa discussão.

A estrutura dos sólidos cristalinos

Tijolos. Imaginem vários deles. Vamos assumir, para esse exemplo, que os tijolos são átomos e eles estão organizados de duas maneiras: jogados, na forma de um monte, e empilhados, na forma de uma coluna (Figura 1). Se analisarmos os tijolos jogados, podemos ter dificuldade em observar algum padrão, até mesmo porque provavelmente nem exista um (Figura 1 (a)). Já no caso dos tijolos empilhados, é possível observar uma estrutura padrão e, até mesmo uma unidade de repetição capaz de explicar toda a estrutura (Figura 1 (b)).  Nesse exemplo, somos apresentados ao conceito de material cristalino, de estrutura cristalina e de célula cristalina.

Figura 1 — Tijolos! (a) Tijolos jogados, sem padrão de repetição, representando um material não cristalino. (b) Coluna de tijolos, com unidades de repetição definidas, capazes de descrever a coluna inteira, representando um material cristalino.

De forma mais técnica, nos sólidos, os átomos ou íons se organizam de diferentes formas. Se eles formam um padrão regular ao longo de grandes distâncias (sempre lembrando que estamos em escala atômica), chamamos isso de estrutura cristalina. É como se cada átomo encontrasse seu lugar em um arranjo tridimensional repetitivo, conectado aos seus vizinhos mais próximos (Figura 2). Os metais, muitos materiais cerâmicos e alguns polímeros se organizam assim quando solidificam.

Mas nem todos os sólidos seguem essa ordem. Alguns não têm essa organização regular e são chamados de amorfos. As propriedades dos sólidos cristalinos dependem de como esses átomos, íons ou moléculas estão dispostos. Existem muitas estruturas cristalinas diferentes, desde as simples, como nos metais, até as muito complexas, como em alguns materiais cerâmicos e poliméricos.

Essas estruturas cristalinas são compostas por pequenas unidades repetitivas chamadas células unitárias, que são como os blocos de construção da estrutura. Geralmente, essas células são paralelepípedos ou prismas com faces paralelas. Elas representam a simetria da estrutura cristalina e podem ser transladadas para gerar todas as posições dos átomos no cristal. Os vértices dessas células geralmente coincidem com os centros dos átomos. Embora existam várias células unitárias possíveis para uma estrutura cristalina, normalmente usamos aquela com a maior simetria geométrica.

Figura 2 — Para a estrutura cristalina cúbica de faces centradas, podem ser apresentadas: (a) uma representação da célula unitária usando esferas rígidas (nos vértices temos 1/8 de uma esfera e nas faces, 1/2), (b) uma célula unitária com esferas reduzidas e (c) um agrupamento de muitos átomos.

Sistemas cristalinos

Inúmeros são os estilos arquitetônicos que contemplam as edificações mundo a fora. Dessa forma, é obvio que temos colunas feitas de tijolos com estilos diferentes (mas que não deixam de ser uma coluna de tijolo). Para as estruturas cristalinas dos sólidos isso também é observado.

Como há muitas formas diferentes de estruturas cristalinas, às vezes é útil agrupá-las com base em como suas células unitárias são configuradas ou como os átomos estão arranjados dentro delas. Um desses grupos se concentra na forma da célula unitária, que é essencialmente o formato do bloco básico que representa a estrutura, independentemente de onde os átomos estão dentro dele.

Nesse contexto, estabelecemos um sistema de coordenadas XYZ com origem em um dos cantos da célula unitária. Cada eixo (X, Y e Z) segue uma das três arestas do bloco. A forma da célula unitária é descrita por seis parâmetros: os comprimentos das três arestas (a, b e c) e os três ângulos entre os eixos (α, β e γ), como mostrado na Figura 3. Esses parâmetros são chamados de parâmetros de rede de uma estrutura cristalina.

Figura 3 — Uma célula unitária exibindo os parâmetros de estrutura cristalina. Eixos coordenados x, y e z, indicando os comprimentos axiais (a, b e c) e os ângulos entre os eixos (α, β e γ).

Com base nesse princípio, existem sete combinações possíveis de a, b, c, α, β e γ, cada uma representando um sistema cristalino diferente: cúbico, tetragonal, hexagonal, ortorrômbico, romboédrico, monoclínico e triclínico. A Figura 4 mostra as relações para esses parâmetros e as representações das células unitárias para cada sistema.

O sistema cúbico, por exemplo, tem todas as arestas iguais e ângulos retos, o que lhe confere o maior grau de simetria. Já o sistema triclínico exibe a menor simetria, com arestas e ângulos todos diferentes.

Figura 4 — Relações entre os Parâmetros da Rede Cristalina e Figuras Mostrando as Geometrias das Células Unitárias para os Sete Sistemas Cristalinos

É importante notar que muitos dos conceitos discutidos aqui também se aplicam a materiais cerâmicos e poliméricos. No entanto, as estruturas cristalinas nesses materiais tendem a ser mais complexas do que aquelas em metais. Além disso, para esses materiais, estamos frequentemente interessados em determinar fatores como empacotamento atômico e densidade usando equações modificadas. Essas estruturas também se encaixam nos sete sistemas cristalinos com base na geometria da célula unitária.

Poliformismo e alotropia

Mesmos átomos, mas estruturas cristalinas e, consequentemente, materiais diferentes. Alguns metais e também alguns elementos não metálicos podem existir em mais de uma forma de estrutura cristalina, um fenômeno chamado polimorfismo. Quando isso acontece em elementos simples, é frequentemente chamado de alotropia. A estrutura cristalina mais comum depende tanto da temperatura quanto da pressão.

Um exemplo clássico disso é o carbono: a grafita é o tipo mais comum que vemos em lápis, mas o diamante é outra forma do carbono que só se forma sob pressões super altas. Outro exemplo é o ferro puro, que tem uma estrutura CCC em temperatura ambiente, mas muda para CFC quando aquecido a 912°C. Num futuro, trataremos do porquê de a temperatura ter esse efeito (termodinâmica, baby), mas essa mudança de CCC para CFC faz com que o material deixe de ser magnético, por exemplo. Assim, pode-se dizer que há essa mudança de estrutura, também há mudanças em propriedades como densidade e outras características físicas.

Figura 5 — Dois alótropos do carbono. (a) Diamante, com estrutura cúbica, e (b) grafite, com estrutura hexagonal.

Em materiais sólidos cristalinos, cada átomo está posicionado em um ponto específico dentro de uma estrutura cristalina. Unidade de repetições, as células unitárias, conseguem representar toda a estrutura e delas vem a classificação dos sistemas cristalinos, que podem ser de diferentes formas geométricas. Um mesmo conjunto de átomos podem se organizar em estruturas diferentes, o que dá origem a materiais com propriedades, processamento e desempenho bem diferentes, como o grafite e o diamante. Dessa forma, finalizamos a primeira parte dessa discussão. Teremos mais na segunda parte!


Fonte: Callister Jr, William D., and David G. Rethwisch. Callister’s materials science and engineering. John Wiley & Sons, 2020.

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Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #19 Bruce Lee, cinema e história

Por: C. A.

O Fronteiras no Tempo: Giro Histórico em seu 19º episódio traz a estreia do Estagiário Rodolfo que de cara inaugura um novo quadro que terá como foco a análise de filmes a partir do olhar do historiador. Este quadro foi um pedido das nossas madrinhas e padrinhos realizado em nosso grupo do WhatsApp! O filme da vez é “A fúria do Dragão”, produzido e estrelado pelo lendário Bruce Lee em 1972. Embarque nessa aventura cheia de golpes coreografados que acertam precisamente em uma história muito mais profunda do que você imagina.

Arte da Capa


Financiamento Coletivo

Estamos em processo de mudança do PADRIM  para outro sistema de financiamento coletivo – novidades em breve

PIX: [chave] fronteirasnotempo@gmail.com


INSCREVA-SE PARA PARTICIPAR DO HISTORICIDADE

O Historicidade é o programa de entrevistas do Fronteiras no Tempo: um podcast de história. O objetivo principal é realizar divulgação científica na área de ciências humanas, sociais e de estudos interdisciplinares com qualidade. Será um prazer poder compartilhar o seu trabalho com nosso público. Preencha o formulário se tem interesse em participar.

Link para inscriçãohttps://forms.gle/4KMQXTmVLFiTp4iC8


Selo saberes históricos

Agora o Fronteiras no Tempo tem o selo saberes históricos. O que é este selo?

“O Selo Saberes Históricos é um sinal de reconhecimento atribuído a:

● Práticas de divulgação de saberes ou produções de conteúdo histórico ou historiográfico
● Realizadas em redes sociais ou mídias digitais, voltadas para públicos mais amplos e diversificados
● Comprometidas com valores científicos e éticos.”

Saiba mais: https://www.forumsabereshistoricos.com/


Redes Sociais TwitterFacebookYoutubeInstagram


Contato fronteirasnotempo@gmail.com


Como citar esse episódio

Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #19 Bruce Lee, cinema e história. Locução Cesar Agenor F. da Silva e Rodolfo Grande Neto. [S.l.] Portal Deviante, 07/05/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/?p=62363&preview=true


Expediente

Produção Geral e Host: C. A. Arte do Episódio: Beatriz Molina. Edição: C. A.


Trilha sonora utilizada

Birds – Corbyn Kites

Groove with the Wu – Jesse Gallagher

Dub Eastern de Kevin MacLeod é licenciada de acordo com a licença Atribuição 4.0 da Creative Commons. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Fonte: http://incompetech.com/music/royalty-free/index.html?isrc=USUAN1200046

Artista: http://incompetech.com/

Dragonfly – Quincas Moreira

Imperial Forces – Aaron Kenny

Ishikari Lore de Kevin MacLeod é licenciada de acordo com a licença Atribuição 4.0 da Creative Commons. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Fonte: http://incompetech.com/music/royalty-free/index.html?isrc=USUAN1100192

Artista: http://incompetech.com/


Madrinhas e Padrinhos 

Alexsandro de Souza Junior, Aline Lima, Allen Teixeira Sousa, Anderson Paz, André Luiz Santos, Andre Trapani Costa Possignolo, Artur Henrique de Andrade Cornejo, David Viegas Casarin, Elisnei Menezes de Oliveira, Ettore Riter, Flavio Henrique Dias Saldanha, Klaus Henrique De Oliveira, Luciano Abdanur, Manuel Macias, Rafael Machado Saldanha, Ramon Silva Santos, Renata Sanches, Ricardo Augusto Da Silva Orosco, Rodrigo Olaio Pereira, Thomas Beltrame, Tiago Nogueira e Wagner de Andrade Alves

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A iniciação científica no Direito

Por: Andre Trapani

Olá, leitoras e leitores! Entrando na onda dos textos sobre iniciação científica que estão saindo todas as segundas no Portal Deviante, venho falar um pouco sobre iniciação científica na área do direito e a minha experiência com isso.

Pesquisas científicas no direito

O Direito não é uma área propriamente científica, mas muito mais uma área técnica. No curso de Direito, estudamos as normas jurídicas, com destaque à Constituição e às leis e a interpretação dessas normas, o que inclui decisões judiciais e técnicas de interpretação.

Claro, existem áreas científicas que se ligam ao Direito, como a Sociologia do Direito, a Antropologia do Direito, a História do Direito, dentre várias outras áreas que chegam para contribuir com esse ramo do conhecimento, mas o Direito, em si, não é uma área científica (embora haja quem discorde).

Dentro dessas áreas é possível pesquisar como determinada lei ou instituto jurídico (o contrato, a propriedade etc.) foram modificados ao longo do tempo, ou mesmo sua aplicação por tribunais no passado. Também é possível analisar os impactos de determinada lei em um grupo social específico ou até mesmo sua percepção sobre normas específicas. Pode-se tentar entender a cultura jurídica de um povo específico, como sua relação com normas jurídicas locais, inclusive aquelas vindas dos costumes. Além de muitas outras contribuições que as diversas áreas do conhecimento podem trazer.

Existem também alguns estudos científicos que se podem fazer a partir ou dentro do Direito. Um exemplo é o estudo de Direito comparado, no qual é necessário investigar as diferenças não apenas das leis, em si, mas da cultura jurídica, como um todo, em países diferente. Também é possível fazer análises estatísticas de fenômenos jurídicos, por exemplo, analisar estatisticamente o sucesso de determinadas demandas ou mesmo o número de vezes em que um tribunal realmente utiliza o que foi produzido no âmbito do amicus curiae ou audiência pública nos fundamentos de sua decisão.

 

Outros projetos de pesquisa dentro da área do Direito

Porém, os projetos de iniciação científica e os TCCs nos cursos de Direito não se limitam a isso. Em pesquisas no Direito, é possível fazer levantamento de jurisprudência de um tribunal sobre um tema, estudos de casos (julgados ou não), análise do debate político por trás de uma lei, dentre outros.

Também são muito comuns os estudos hermenêuticos, nos quais o jurista vai debater os sentidos de uma lei, de preferência permeada pelas normas constitucionais, que irradiam sobre todo o direito, para tentar determinar o sentido mais adequado.

Isso é um processo interpretativo, e como toda interpretação se dá por um agente localizado em determinada cultura, com uma história de vida própria, esse processo não científico, é uma interpretação que não pode fugir totalmente de uma subjetividade. Portanto, cabe ao jurista convencer, com argumentos jurídicos, mas também sociais, o porquê de aquela interpretação ser a mais adequada. Isso, preferencialmente, requer um estudo aprofundado não apenas da lei que se interpreta, mas do direito constitucional, das propostas teóricas que circundam o tema, da jurisprudência sobre o assunto e das técnicas de interpretação, objeto de estudo de uma área chamada Teoria do Direito.

Ah, falando nisso, também existem os estudos da própria Teoria do Direito (temos um SciCast introduzindo o tema), no qual se irão debater os métodos de interpretação e aplicação da lei, de aplicação da Constituição na interpretação da lei, de resolução de conflitos não regulados de direitos fundamentais, dentre outros assuntos.

Dando um passo para o mais amplo, a Filosofia do Direito também é uma possível área de pesquisa. Nessa são debatidas teorias e abordagens filosóficas sobre o próprio direito, seu conceito, sua relação com a justiça, seu lugar no Estado e na sociedade, por exemplo.

 

Minhas pesquisas no direito

Durante minha jornada na faculdade de Direito eu fiz parte de dois projetos de iniciação científica, além da pesquisa que fiz no meu TCC. Não quero me alongar sobre os resultados, mas queria falar um pouco deles pra vocês terem uma ideia de como podem ser pesquisas na área de Direito.

 

Um projeto em História da Filosofia do Direito

O primeiro deles eu fiz no segundo semestre. Foi um projeto na área de História da Filosofia do Direito com o título “Direito e justiça em Tomás de Aquino e Domingo de Soto: os desafios da atualização da tradição aristotélico-tomista na realidade cultural e sócio-econômica da Espanha do século XVI”.

Acabou que a minha participação no projeto não gerou muitos resultados, mas a experiência foi muito importante para mim. No segundo semestre eu não tinha a mínima maturidade acadêmica para uma iniciação científica, além de que o tema era complicado, ele envolvia uma virada no próprio conceito de propriedade, mas eu nem conhecia o conceito de propriedade no nosso direito. Fora isso, o projeto se tratava de ler um jurista espanhol do século XVI (o que pressupõe entender o pensamento dentro do contexto histórico do autor) a partir de Aristóteles e Tomás de Aquino, que, na época, eu também tinha só aquele conhecimento mais básico da escola e das aulas de filosofia geral.

Além disso, o projeto durou um ano, mas eu entrei na metade, após outro pesquisador, que eu estava substituindo, ter saído. Esse outro aluno já tinha avançado muito no tema e até eu fazer as leituras para entender o que ele tinha produzido, o projeto já estava no fim. Ao menos consegui apresentar o resultado em alguns eventos e dar alguma publicidade a eles.

Ainda assim, as leituras que eu fiz, o entendimento do que é um projeto de iniciação científica e do que é uma pesquisa no Direito me abriram portas. Eu me interessei por aquilo e queria mais. Consegui entrar em mais um lá pelo 4º ou 5º semestre, agora com muito mais conhecimento jurídico e maturidade acadêmica.

 

Um projeto comparando direito civil e direito empresarial

Meu segundo projeto de iniciação científica veio de uma proposta do meu professor de Direito Empresarial. Ele queria comparar um instituto chamado solidariedade (ou obrigação solidária) tal como era usado no Direito Civil e no Direito Cambial (uma parte do Direito Empresarial que estuda os títulos de crédito, como cheque, nota promissória, duplicada, letra de câmbio).

Esse eu fiz a pesquisa do zero, com orientação desse professor e co-orientação do meu professor de Direito Civil (que mais tarde foi meu orientador no TCC). Fazendo pesquisas iniciais, eu vi que muitos autores falavam que ambos eram diferentes, mas ninguém falava propriamente o porquê e o como eram diferentes.

Só para entenderem, a obrigação solidária, basicamente, ocorre quando temos muitos credores ou muitos credores de uma mesma dívida e, por lei ou por contrato (ou por título de crédito), o credor pode cobrar a dívida de qualquer devedor como se ele fosse o único (solidariedade passiva), ou o devedor pode ser cobrado de qualquer credor como se fosse o único (solidariedade passiva). Depois os devedores ou credores solidários se resolvem entre eles.

Vou dar um exemplo da solidariedade ativa, que é a que importa mais pra minha pesquisa, já que é a única que existe nos títulos de crédito. Imaginem que Fencas, Guaxa e Tarik compraram um videogame de mim. Eles vão dividir o videogame e combinaram que iriam me pagar 3000 reais (provavelmente cada um vai pagar 1000, ou outro valor, conforme o que eles concordaram entre eles).

Porém, como eu desconfio que o Fencas é caloteiro, coloquei no contrato uma clausula que diz que a obrigação é solidária. Com essa cláusula, eu não preciso cobrar 1000 de cada um. Eu posso cobrar o Tarik (que sei que é bom pagador) dos 3000 reais (cobro como se ele fosse o único devedor). Depois, ele que se vire pra cobrar o Fencas e o Guaxa.

Já nos títulos de crédito, uma natureza deles é que eu sempre posso passar pra frente. Posso pegar uma nota promissória que o Fencas me deu e passar pro Guaxa, que pode passar pra Jujuba e assim por diante. Se o Tarik foi o último a pegar a nota, poderá cobrar o valor total que está na nota de qualquer uma das pessoas que passou essa nota pra frente (e assinou, claro). A pessoa que pagar, pode cobrar de qualquer um que pagou antes dela, e assim por diante, até chegar em quem emitiu o título.

Para comparar os dois, eu fiz várias pesquisas. Peguei fontes históricas, de juristas do passado, análises da literatura de ambas as áreas (direito civil e direito cambial), além de um estudo rigoroso das leis que regiam cada um dos institutos.

Diante de tudo isso, eu iria analisar se: (a) eram o mesmo instituto, (b) se a solidariedade cambial era uma espécie de solidariedade civil, ou (c) se eram totalmente diferente. A relevância prática disso é que, nos casos (a) e (b), um juiz poderia aplicar as regras da solidariedade civil, de forma subsidiária, aos títulos de crédito e à solidariedade cambial.

O que achei interessante nessa pesquisa é que, depois de muita leitura, eu estava produzindo o relatório final e o artigo para publicação defendendo ferrenhamente que a hipótese (b), que uma era espécie da outra. Porém, para fazer isso, eu colocava tantos poréns e tantas exceções que meu orientador me deu o toque que, na verdade, eu estava era provando que são diferentes. Diante disso, mudei as conclusões e aceitei que, na verdade, são diferentes mesmo. Ia ser bem mais legal provar que eram a mesma coisa, porque eu estaria indo no sentido contrário do que toda a literatura falava (ainda que sem mostrar os fundamentos), mas mesmo assim a pesquisa rendeu resultados, porque eu pude montar um quadro comparativo destacando todas as diferenças existentes.

Dá pra tirar algumas lições valiosas disso. Primeiro, o pesquisador sempre tem sua subjetividade, e a visão de uma outra pessoa pode ajudar a filtrá-la, por isso as conversas com o orientador e com outros pesquisadores são muito importantes, afinal, o conhecimento se constrói coletivamente. Segundo, o pesquisador não pode ser arrogante e deve sempre estar disposto a perceber que os resultados levar a conclusões diferentes das que ele espera.

 

Pra fechar

Bom, espero que tenha gostado de saber um pouco sobre iniciação científica no Direito. Se você é da área, conta aí nos comentários sobre seus projetos de iniciação científica ou mesmo sobre seu TCC.

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O RPGuaxa Mais Limpinho da História (GuaxaVerso #108)

Por: Marcelo Guaxinim · Portal Deviante

GuaxaVerso destrinchando episódios e respondendo comentários! Se Flopar nunca existiu. Até porque…. Nunca existiu mesmo.

Esta semana vamos falar tudo sobre o episódio de 162.


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Edição: Marcelo Guaxinim.

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Blade — A Lâmina do Imortal: uma leitura adulta

Por: Rita Kujawski

Blade é um mangá escrito por Hiroaki Samura e lançado entre 1993 e 2012. Publicado no Brasil pela Conrad no formato “meio volume” até mais ou menos dois terços da obra e relançado em sua completude pela JBC em 15 volumes.

A narrativa tem um protagonista e um ponto de vista, mas em primeiro momento não é claro qual é qual. Seguimos a jornada de Rin Asano, uma jovem japonesa em 1782 que tem a família assassinada por “malfeitores” e, desde então, ela busca uma forma de se vingar do líder deles, Kagehisa Anotsu. Como ela é uma adolescente fracote, vinda de uma família relativamente abastada, ela não tem muitas habilidades físicas nem sociais. Então ela contrata Manji para cumprir a vingança no lugar dela.

Manji (em japonês 卍, Manji) é um criminoso famoso por ter matado cem homens violentamente. Paradoxalmente, o ideograma do nome dele é um símbolo comum em japonês para templos e costuma ser uma imagem iconográfica auspiciosa. Essa dicotomia, da pessoa e seu nome, é representada por seu quimono, todo em preto e branco com um 卍 nas costas.

Até aí, tudo bem.

Manji, depois de quase morrer na tal batalha contra 100 homens, é salvo por uma senhora chamada Yaobikuni e ela concede ao Manji uma forma de imortalidade, dizendo que permitirá que ele morra finalmente se ele salvar 1000 pessoas. A Rin é uma dessas pessoas que o Maji decide salvar.

Mas salvar pessoas é um conceito relativo. Kagehisa Anotsu, o homem de quem Rin quer se vingar, é uma pessoa que acredita estar lutando do lado da verdade e da justiça. Seu grupo é uma mistura das pessoas nas periferias da sociedade e que lutam para sobreviver e, por isso, ficaram mais fortes, diferente das escolas de artes marciais tradicionais do Japão que, segundo Anotsu, perderam o verdadeiro caminho da espada.

A partir daqui iniciamos a análise da obra com spoilers.

A crítica que Rin tem a Anotsu não é ao que ele quer fazer, e sim a violência que ele usa para chegar no próprio objetivo, já que os integrantes do grupo dele assassinam e estupram mulheres inocentes que estejam nas escolas que querem conquistar. Assim, aos olhos dela, o grupo de Anotsu, Itto-Ryu, é um grupo de malfeitores.

Então a história tem alguns núcleos: o núcleo Rin-Manji, o núcleo Itto-Ryu e o núcleo do shogunato/Mugai-Ryu, liderado por Kagimura Habaki.

Este terceiro núcleo é o lado político de Blade, que mostra que nada do que você está vendo é realmente a verdade total. O Mugai-Ryu é um grupo que, como Rin, quer vingança do Anotsu. Mas Kagimura Habaki também trabalha para o shogun, o líder feudal, e é contratado para investigar a imortalidade de Manji, manipulando as pessoas do Mugai-Ryu para serem seus espiões, enquanto forem úteis.

O arco da prisão é o mais interessante de se discutir aqui no Deviante. Nele, médicos são contratados para investigar a imortalidade de Manji e descobrir uma forma de replicá-la. Por incompetência deles, Kagimura Habaki se desfaz de alguns médicos até encontrar Ayame Burando, um rapaz que havia estudado o método científico ocidental e tentou aplicar em Manji.

Burando descobriu que a imortalidade de Manji é causada por vermes que regeneram a carne do corpo que eles habitam. São vermes que a Yaobikuni implantou em 5 núcleos no corpo dele e que reconstituem qualquer tipo de tecido humano para manter a saúde de seu hospedeiro.

Burando transplanta braços do Manji em outros personagens, tentando achar aqueles que teriam o mesmo tipo sanguíneo e não teriam tanta rejeição. Ele investiga como as extremidades do Manji regeneram mais devagar do que partes perto dos núcleos de vermes. Investiga como os vermes não sobrevivem fora do corpo…

A pressão que Habaki coloca em Burando é tanta que ele simplesmente para de ter ética e de tratar os pacientes como humanos e cria uma linha de produção insana, com pilhas e pilhas de corpos saindo das masmorras do castelo e sendo jogadas em trincheiras, finalmente, permitindo que Rin localize o corpo de Manji com a ajuda de Doa Yoshino, uma espadachim da Itto-Ryu.

O conceito de imortalidade com pequenos vermes é interessante, pois eles não impedem o Manji de morrer caso os núcleos de vermes sejam destruídos, mas fazem com que ele tenha uma enorme resiliência a tudo. Essa simbiose é muito orgânica e parece que o autor compreende questões interessantes do prospecto de imortalidade.

No final da história descobrimos uma passagem de tempo em que Manji até já se esqueceu de Rin e das aventuras do mangá. Isso porque ser imortal não significa lembrar de tudo. É uma solução muito humana para a imortalidade. As feridas se curam com o passar dos anos. As aventuras que têm imortais que lembram sempre de tudo costumam ser mais trágicas nesse aspecto.

Voltando aqui. A Rin é a protagonista da história. E a história dela tem um desenlace interessante, porque ela teve a chance de cumprir sua vingança mais de uma vez. Mas essa jornada com Manji também ensinou maturidade e os limites que ela consegue ou não ultrapassar. A relação dela com o Manji também é ótima porque ele a trata como irmã mais nova do começo ao fim. E o Manji é o ponto de vista, pois ele é central à história, sim, mas ele está lá no começo e estará lá no final.

O fim da história é legal de ler, recomendo. Uma das coisas legais é que parece que vai ser um daqueles mangás que corta a luta final ao meio e mostra um prólogo do que está acontecendo anos depois, mas não é isso que acontece. Esse mangá mostra a luta final e todos os detalhes horríveis das batalhas, dos caminhos que os personagens fizeram até chegar àquele momento. Eu gosto particularmente da cena em que o Manji perde um braço e depois cata outro qualquer para colocar no lugar, algo que ele aprendeu no laboratório do Dr. Burando.

Blade também é um exemplo que eu uso de personagens femininas em mangás. A Rin é incrível, a Doa é incrível e, acima delas, tem a Makie. A Makie é a menina que o Anotsu gosta e que sempre foi mais forte do que ele. E isso é uma verdade do começo ao fim. Ela é alta, bonita e sensual, e a mais forte do Itto-Ryu. Eu, pessoalmente, uso a Makie como exemplo de que em mangás japoneses existem personagens femininas que são mais fortes que as personagens masculinas. 

Minha conclusão é que Blade se propõe a contar uma história multifacetada voltada aos personagens. Como as ações individuais podem moldar as pessoas ao seu redor e como as ações do outro podem moldar as formas como você vê o mundo. Acho incrível que o autor pintou os vilões todos como vilanescos, mesmo dando justificativas muito palpáveis para cada um deles. Também acho incrível a cinematografia e como as cenas são cinéticas e sinérgicas, fazendo a destruição e a matança serem lindas, mas não objetificantes.

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A História de Exploração da Antártida (SciCast #590)

Por: Tarik Fernandes · Portal Deviante

Os pólos do planeta, o Ártico (no SciCast 579) e o seu oceano congelado e a Antártida, um continente enterrado sob as geleiras, despertam o fascínio dos homens desde a antiguidade.

Cientistas e aventureiros se arriscam em suas águas desde muito tempo. Trazemos aqui um breve recorte dessas aventuras na Antártida e sua disputada corrida até o pólo magnético do planeta.

Para essa expedição, convidamos os intrépidos exploradores do GeoPizza, num crossover inédito com o Scicast. Venham conosco congelar até os ossos e aprender sobre os corajosos homens que entregaram suas vidas em nome da exploração e das descobertas nessas regiões inóspitas!

 

 

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Expediente:

Produção Geral: Tarik Fernandes e André Trapani

Equipe de Gravação: Tarik Fernandes, Roberto Spinelli, Rodrigo Zottis, Alexander Desmouceaux, Anderson Couto

Citação ABNT: Scicast #590: A História de Exploração da Antartida. Locução: Tarik Fernandes, Roberto Spinelli, Rodrigo Zottis, Alexander Desmouceaux, Anderson Couto. [S.l.] Portal Deviante, 24/05/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast-590

Arte: Getty Images


Referências e Indicações

 

Sugestões de Música:

 

Sugestões de filmes:

  • Série “The Terror” – Amazon Prime (https://www.primevideo.com/detail/The-Terror/) – Durante a 1ª temporada, acompanhamos a tripulação da Marinha real britânica, encabeçada por Sir John Franklin, Francis Crozier e James Fitzjames. A missão é encontrar a lendária Passagem Noroeste do Ártico. Em vez disso, se depararam com um monstruoso predador parecido com um urso polar, um horror gótico astuto e cruel que persegue os navios em um jogo desesperado de sobrevivência. – Abertura da Série: https://www.youtube.com/watch?v=nlmeJyn0K-8 

 

Sugestões de vídeos:

 

Sugestões de links:

 

Sugestões de games:

  • Penumbra: Overture – 2007

 

Sugestões de Livro:

  • “A Incrível Viagem de Shackleton” de Alfred Lansing

 

Nosso ouvinte do Geopizza, Luiz Felipe Gubert, mandou uma recomendação de LIVRO muito interessante: a obra COLAPSO, de Jared Diamond, que tem três capítulos que falam bastante sobre a Groelândia e comparam a experiência dos vikings com a dos Inuits, por que uns ficaram e outros não. *Aos que não sabem* (eu não sabia): Alguns indícios apontam que os vikings chegaram na Groenlândia antes dos Inuits!! E mesmo assim, não conseguiram se adaptar a esse ambiente, enquanto os inuits sim.

 

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O trabalho, a mulher e a segurança alimentar!

Por: Lênin Machado Lopes

As mulheres ocupam espaços importantes para a manutenção da nossa sociedade, apesar de serem pouco reconhecidas por isso. Com a segurança alimentar não poderia ser diferente. Por toda a cadeia produtiva, as mulheres ocupam papéis importantes na manutenção da alimentação saudável.

O mês de maio representa uma ótima época para textos sobre o trabalho, uma vez que seu primeiro dia é especial para o trabalhador. Aliás, já leu as redações temáticas sobre o trabalho no ramo alimentício aqui e aqui? Não deixe de conferir esses materiais especiais!

No assunto de hoje, iremos observar o papel do trabalho da mulher como promotora da segurança alimentar em seus diversos meios simbólicos e produtivos. Afinal, qual a interseccionalidade presente entre gênero e segurança alimentar?  O que podemos fazer para proporcionar um meio de trabalho mais socialmente responsável às mulheres? Iremos ver tudo isso agora!

Do campo à mesa, as mulheres ocupam os mais diversos papéis, apesar de, algumas vezes, serem desconhecidos ou invisibilizados. Em produções agrícolas, por exemplo, elas representam cerca de 43% do contingente total de trabalhadores camponeses no mundo [1]. Elas realizam trabalhos como preparação da lavoura, limpeza, cultivo, armazenagem, etc.

Porém, o destaque de suas atividades ocorre principalmente com a sustentabilidade ambiental, item essencial à garantia da segurança alimentar (como explicado neste texto aqui). Geralmente, as agricultoras empregam conhecimentos tradicionais transmitidos geracionalmente, como domesticação, preservação de espécimes, conservação de sementes crioulas e até mesmo cultivo de plantas medicinais [1]. A manutenção de cultivos agroecológicos é bem evidente em produções mantidas por agricultoras.

Como mantenedoras das relações familiares, as agricultoras tendem a se preocupar mais com a saúde e a alimentação dos seus entes geracionais, bem como a passagem do conhecimento intrafamiliar [2]. Dessa forma, ela é uma figura importante para reprodução física e simbólica da maneira de ser e agir na agricultura.

 

Imagem um. Pesquisa da Fiocruz revela protagonismo feminino em iniciativas de criação de redes de agricultura urbana. Os projetos possuem foco na manutenção tanto de identidades das mulheres quanto à segurança alimentar e a ancestralidade, uma vez que muitas delas — ou seus ancestrais — tiveram que sair da zona rural por algum motivo [3]. Na imagem de Paolo Martins, observam-se diversas pessoas sentadas em cadeiras brancas em um imóvel grande. Faixas, recortes e uma bandeira vermelha fazem parte da cena.

 

Não somente no campo ocorre a importância da mulher à sustentabilidade ambiental, social e econômica. Elas também são cruciais na cadeia agroalimentar em fases que envolvem o processamento, a comercialização e o preparo [1]. A presença massiva de mulheres em feiras, sacolões, mercados públicos, mercearias, supermercados, comércios de rua, etc. apenas reforça o impacto da força feminina na transformação de alimentos.

No setor informal de alimentos, por exemplo, há o desenvolvimento de diversos serviços alimentícios que são protagonizados por mulheres, como no comércio ambulante de alimentos. Nestes trabalhos, não há garantia de direitos trabalhistas, como férias, 13º ou previdência [4]. Por garantir a oferta de alimentos a baixo custo, esses serviços (comidas de rua, marmitas, alimentos frescos, etc.), em algumas localidades, podem ser críticos para manter um grau mínimo de segurança alimentar.

Dentro dos lares não poderia ser diferente. No trabalho doméstico, muitas vezes com jornadas exaustivas e invisibilizadas, as mulheres ocupam protagonismo em seus lares [1]. O feminino preserva os “modos de saber fazer” de grande parte das receitas culturalmente significativas em muitas regiões. O saber relacionado com alimentos, tempos, utensílios e técnicas é passado geracionalmente de mãe para filha. Nesse contexto, também é articulada estratégia de provisão, preparo e consumo de refeições saudáveis, seguras e sustentáveis. Mesmo aqui ainda observamos a invisibilização social do trabalho da mulher.

Algumas atividades são tão representativas de cuidados que rapidamente já pensamos em mulheres as exercendo. Trabalhos como cozinheira doméstica, popular, comunitária, merendeira, etc. são capazes de sanar necessidades alimentares específicas e manter a saúde comunitária geral [1]. Apesar disso, muitas dessas práticas podem ser articuladas em contextos complexos e problemáticos que perpassam o racismo, o sexismo e até o assédio moral e sexual das trabalhadoras.

 

Imagem dois. Merendeira do sul de Minas teve direito reconhecido de receber insalubridade por stress térmico pela 1ª Vara do Trabalho [5]. A prefeitura ainda tentou recorrer da sentença favorável à trabalhadora, mas perícia técnica confirmou condições insalubres de trabalho. Na imagem, podemos observar diversos pratos de comida prateados em uma mesa vermelha.

 

Apesar de todos os benefícios à prática culinária e a seguridade alimentar, nem sempre os benefícios são colhidos de maneira adequada. Na verdade, relações de poder patriarcais, políticas agrícolas androcêntricas e a divisão sexual do trabalho garantem que as mulheres fiquem cerceadas de seus poderes nas relações com a alimentação [1]. A capacidade plena da contribuição feminina, nesse caso, fica abaixo do esperado pela dificuldade do acesso à terra, às tecnologias e aos incentivos financeiros.

Quando relacionamos com a questão étnica, a situação fica até pior! Mulheres negras e de baixa renda dificilmente conseguem suporte social. Além das dificuldades de gênero, ainda há a possibilidade de sofrerem com sobrecarga de trabalho, cobranças excessivas, dificuldade de acesso a recursos, baixo grau de mobilidade social e invisibilidade do trabalho doméstico. 

Saber reconhecer essas dificuldades é crucial para promovermos ambientes de trabalho sustentáveis e melhores graus de segurança alimentar e nutricional. Afinal, mulheres estão no perfil dos mais impactados pela insegurança alimentar, apesar de todos seus esforços contra esse estigma.

Políticas como incentivo à terra e recursos agrícolas, apoio de acesso ao mercado de trabalho formal, proteção social, aumento do número de creches comunitárias e campanhas contra o trabalho doméstico unilateral são incentivos para melhorar a situação do gênero feminino. Porém, essa ainda é uma grande caminhada e, como as mulheres sabem, não será um trabalho fácil de realizar…

Esse texto é inspirado no capítulo 5 do livro “Segurança Alimentar e Nutricional”, lançado pela Academia Brasileira de Ciências. Você consegue acompanhar mais sobre essa discussão nesse ensaio, bem como diversos outros temas quentes sobre segurança alimentar! Basta clicar no link presente nas referências.

O que acharam desse texto? Já ouviu sobre toda essa importância do trabalho feminino à segurança alimentar? Você faz parte desse processo? Não deixe de comentar sua experiência. Até a próxima!

 

Referências
[1]: SILVA, Gabriela Brito de Lima. Desatando nós: mulheres e segurança alimentar e nutricional. Segurança Alimentar e Nutricional, cap. 5, v.1, p. 56. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, 2024. Disponível aqui.
[2]: SILIPRANDI, Emma. Agroecologia, agricultura familiar e mulheres rurais. Revista brasileira de Agroecologia, v. 2, n. 1, 2007.
[3]: AGROECOLOGIA, Articulação Nacional de. Mulheres são protagonistas de iniciativas de agricultura nas cidades, revela pesquisa. Portal Mídia Ninja, 27 jul. 2023. Disponível aqui.
[4]: Almeida, P. F., Rios, R. V., & Colling, A. de M. W. Desenvolvimento e caracterização de massa de pizza sem glúten com adição de farinha de pipoca e hidrocolóides. Connection Line – Revista Eletrônica da Univag, v. 29.  2023.
[5]: ITATIAIA. Justiça reconhece que merendeira trabalha em condição insalubre devido ao ‘calor excessivo’ em MG. Portal Itatiaia, 18 mar. 2024. Disponível aqui.
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Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #18 As dissidências militares e a resistência dos estudantes

Por: C. A.

O Fronteiras no Tempo: Giro Histórico conta em seu 18º episódio com a participação da historiadora Flávia Ferro e do Beraba, que abordam temas relacionados aos 60 anos do Golpe de 1964 e da Ditadura Civil-Militar. Flávia nos contará uma história pouco conhecida que se refere as divergências internas das forças armadas durante a Ditatura que envolveu planejamento de atentando terrorista e, também, sobre parte da trajetória política do brigadeiro Eduardo Gomes. Na sequência Beraba faz uma síntese importante sobre o papel dos estudantes em todo o processo ditatorial: da adesão as reformas de base proposta por João Goulart, passando pela emancipação e posterior perseguição à UNE chegando à participação destes jovens em movimentos de resistência ao regime de exceção e suas barbáries.

Arte da Capa


MENCIONADO NO EPISÓDIO

Perfil da Flávia Ferro no Instagram

Trilogia sobre a Ditadura Civil-Militar Brasileira

Fronteiras no Tempo #21 – Golpe de 1964  

Fronteiras no Tempo #22 – Ditadura Civil-Militar  

Fronteiras no Tempo #24: Fim da Ditadura Civil-Militar  

Outros episódios relacionados ao tema

Fronteiras no Tempo: Historicidade #51 Espionagem, Igreja e Ditadura Civil-Militar  

Fronteiras no Tempo: Historicidade #50 Museu do Trabalho e dos Direitos Humanos 

 Memória da Ditadura Civil Militar Brasileira – 27 Borean (Spin#1926 – 25/02/2023) 

Fronteiras no Tempo: Historicidade #14 Itamaraty e as Forças Armadas na Ditadura

Fronteiras no Tempo: Historicidade #9 Histórias da Ditadura Civil-Militar

 Contrafactual #32: E se não tivesse havido Ditadura Militar no Brasil? 


Financiamento Coletivo

Estamos em processo de mudança do PADRIM  para outro sistema de financiamento coletivo – novidades em breve

PIX: [chave] fronteirasnotempo@gmail.com


INSCREVA-SE PARA PARTICIPAR DO HISTORICIDADE

O Historicidade é o programa de entrevistas do Fronteiras no Tempo: um podcast de história. O objetivo principal é realizar divulgação científica na área de ciências humanas, sociais e de estudos interdisciplinares com qualidade. Será um prazer poder compartilhar o seu trabalho com nosso público. Preencha o formulário se tem interesse em participar.

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“O Selo Saberes Históricos é um sinal de reconhecimento atribuído a:

● Práticas de divulgação de saberes ou produções de conteúdo histórico ou historiográfico
● Realizadas em redes sociais ou mídias digitais, voltadas para públicos mais amplos e diversificados
● Comprometidas com valores científicos e éticos.”

Saiba mais: https://www.forumsabereshistoricos.com/


Redes Sociais TwitterFacebookYoutubeInstagram


Contato fronteirasnotempo@gmail.com


Como citar esse episódio

Fronteiras no Tempo: Giro Histórico #18 As dissidências militares e a resistência dos estudantes. Locução Cesar Agenor F. da Silva, Flávia Ferro e Marcelo de Souza Silva. [S.l.] Portal Deviante, 30/04/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/?p=62336&preview=true


Expediente

Produção Geral e Host: C. A. Arte do Episódio: Marcelo Beraba. Edição: C. A.


Trilha sonora utilizada

Birds – Corbyn Kites

Wolf Moon – Unicorn Heads

Dance, Don’t Delay de Twin Musicom é licenciada de acordo com a licença Atribuição 4.0 da Creative Commons. https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Fonte: http://www.twinmusicom.org/song/303/dance-dont-delay

Artista: http://www.twinmusicom.org


Madrinhas e Padrinhos 

Alexsandro de Souza Junior, Aline Lima, Allen Teixeira Sousa, Anderson Paz, André Luiz Santos, Andre Trapani Costa Possignolo, Artur Henrique de Andrade Cornejo, David Viegas Casarin, Elisnei Menezes de Oliveira, Ettore Riter, Flavio Henrique Dias Saldanha, Klaus Henrique De Oliveira, Luciano Abdanur, Manuel Macias, Rafael Machado Saldanha, Ramon Silva Santos, Renata Sanches, Ricardo Augusto Da Silva Orosco, Rodrigo Olaio Pereira, Thomas Beltrame, Tiago Nogueira e Wagner de Andrade Alves

 

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Caminhos da vida científica de uma não cientista

Por: Suzane Melo

Hoje sou a mina do suporte (sempre confirme que os cabos estão bem conectados, que o aparelho está ligado ou carregado e sempre esteja em seu computador se a pessoa do suporte se conecta a ele de maneira remota), mas oficialmente sou bacharel em Ciência e Tecnologia e bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do ABC – UFABC, também fiz algumas pesquisas, organizei alguns eventos e participei de projetos de extensão enquanto fui universitária.


Assim que entrei na universidade, descobri o Pesquisando desde o Primeiro Dia – PDPD, no qual os ingressantes podem fazer pesquisa científica desde o primeiro ano do curso, no meu caso, eu tinha interesse em pesquisa na área da saúde e fui conversar com um professor que pesquisava maneiras de aumentar o gasto energético.

Minha parte seria analisar a expressão do genes de acordo com o tipo de dieta e biotipo. Não vou descrever exatamente o que fazia porque pode ser um tema sensível, mas trabalhei com duas espécies de ratos de laboratórios, divididos em quatro grupos alimentados com dieta normal ou dieta rica em gordura, mais informações no artigo publicado.

Nem cheguei a fazer a parte de análise genética porque saí do grupo de pesquisa por ficar impressionada com a preparação do material para enviar ao laboratório e receber os dados para a parte de bioinformática. 

mulher de ascendência afro em laboratório de biologia molecular.

Depois disso, decidi mudar de área e fui conhecer outras áreas e outros projetos da universidade, eis que conheço o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, onde trabalhei com estudantes do ensino público.

Neste projeto trabalhamos com o conceito de investigação científica aplicada ao ensino médio, o artigo publicado foi baseado em duas sequências didáticas (aulas), nas quais os estudantes tinham de formular e testar hipóteses para identificar o objeto dentro da “Caixa de Pandora”, mas a minha participação no projeto durou dois anos.

 

Grupo de estudantes sorridentes reunidos em torno de mesa redonda, discutindo amigavelmente sobre algum tema.


Também participei de projetos de extensão, dentre eles estão IV Semana da Biologia, Curso Caminhos do Mar, e fui monitora do Sabina de maneira formal, ou seja, tinha bolsa e certificado de participação para o Lattes (currículo do pesquisador brasileiro) ou para comprovar participação em seleções fora do Brasil. Também participei das empresas júnior Enactus UFABC e Seiva Jr (fiz parte da equipe que iniciou os projetos, antes de se tornarem formais).

Já no fim da saga de participações em projetos universitários, chega o temido momento do TCC, no qual trabalhei com uma serpente do cerrado que não era vista há décadas, e foi considerada extinta, mas voltou a ser encontrada por conta de algumas obras do governo federal. Então meu trabalho foi redescrever os espécimes encontrados, porque os originais provavelmente foram queimados durante o incêndio no acervo do Butantã em 2010, e ampliar sua distribuição geográfica.

 

Serpente de pequeno porte, a foto tem como ponto principal olho  e narina da serpente. O centro da foto é ocupado quase totalmente pela cabeça da serpente que tem brilho cinza prateado.

Este trabalho não se tornou artigo, porque já eu estava considerando a ideia de deixar a área científica e não segui com a ideia de publicação, mudei para Montevidéu para tentar um mestrado em Ciências Ambientais, entrei, confirmei que não queria mais seguir na vida acadêmica, deixei o curso e comecei a trabalhar com tecnologia.

Hoje sou a mina do suporte. Passo meus dias usando todas as habilidades de resolução de problemas, investigação, trabalho em equipe entre outras coisas aprendidas durante minha trajetória científica para resolver ou buscar como resolver problemas de equipes de TI de outras empresas.

 

Pessoa ruiva olhando três monitores  de um computador, e de costas para o espectador.


Como se tudo isso E estudar não fosse suficiente, entrei para a equipe do Deviante <3.

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Determinismo (SciCast #589)

Por: Tarik Fernandes · Portal Deviante

Você é livre pra fazer suas escolhas? Ou será que todas já estão determinadas? Você de fato escolheu ouvir esse cast ou será que toda a sua história de vida, junto com a história do universo, te levaram a isso?

Um debate filosófico sobre o que significa viver em um mundo determinista, as repercussões teóricas e práticas disso.

 

 

 

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Expediente:

Produção Geral: Tarik Fernandes e André Trapani

Equipe de Gravação: Tarik Fernandes, André Trapani, Roberto Spinelli, Felipe Novaes e Anna Rita Erthal

Citação ABNT: Scicast #589: Determinismo. Locução: Tarik Fernandes, André Trapani, Roberto Spinelli, Felipe Novaes, Anna Rita Erthal. [S.l.] Portal Deviante, 26/04/2024. Podcast. Disponível em: https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast-589

Arte: Jânio


Referências e Indicações

 

Sugestões de literatura:

  • LAPLACE, Pierre-Simon. Ensaio filosófico sobre as probabilidades. Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 2010.
  • SEARLE, John. Neurobiologia e Liberdade. Unifesp, 2008.
  • DENNETT, Daniel. Brainstorms. Unifesp, 2006.

 

Sugestões de filmes:

  • The Good Place, S03E07: O pior uso possível do livre-arbítrio.

 

Sugestões de vídeos:

 

Sugestões de links:

SciCast #477: Emaranhamento Quântico: https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast-477/

 

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Dependência emocional: quando a afeição se contamina

Por: Túlio Monegatto Tonheiro

Recentemente estreou o anime (animação japonesa) “A Condition Called Love” (ou, do original em Japonês, “Hananoi-kun to Koi no Yamai”, em português “Hananoi e a Doença do Amor”, em tradução livre). A animação, desde o seu primeiro episódio, chamou muito minha atenção diante do seu tema central, a dependência afetiva. E sobre isso que vamos falar hoje.

ALERTA DE GATILHO: o texto irá falar sobre dependência afetiva e relacionamentos tóxicos. Caso não se sinta confortável com esse tema, por favor, não se sinta obrigado a continuar a ler. E, lembre-se, saúde mental é saúde tão básica e importante quanto a saúde física. Esse texto é opinativo de um não especialista. Não se paute pelas minhas opiniões. Busque atendimento psicológico e psiquiátrico.

 

Sobre o Anime

Para uma melhor análise do que vamos falar, peço suas desculpas, mas vou precisar dar um pequenino spoiler sobre o primeiro episódio do anime. E terei que fazer algumas referências ao que comentar aqui no decorrer do texto. Desculpe. Mas, vai por mim, não estraga em nada a experiência de assistir.

A história começa pelo ponto de vista de Hotaru, uma garota de 16 anos que, numa tarde, encontra um garoto desolado numa praça depois dele ter encerrado um namoro. Hotaru vê o rapaz coberto de neve e, por um ato de simples gentileza, cede seu guarda-chuvas para cobri-lo. No dia seguinte, o garoto, chamado Hananoi, conhecido como o “bonitão” da escola, vai à sala de aula e se declara a Hotaru, pedindo-a em namoro.

Hotaru recusa o namoro, mas Hananoi não aceita o não como resposta e começa a acompanhar ela no seu dia a dia. A princípio, nada demais, só mais um colega de escola. Mas, aos poucos, sinais começam a aparecer que demonstram um comportamento insalubre.

Hananoi começa a agir de forma exageradamente submissa perante Hotaru. Ele muda sua aparência, corta seus cabelos, então longos, começa a fazer trabalhos dos mais variados sem solicitação e, em um momento extremo, passa uma noite cavando neve com as mãos para tentar achar uma presilha de cabelo perdida por Hotaru no campo de exercícios da escola. Tudo isso tentando ser o mais agradável e subserviente.

A história, no entanto, não se presta a romantizar esse tipo de comportamento. A protagonista deixa claro que acredita não ser esse um comportamento saudável, e até sugere a Hananoi que deixe de insistir no relacionamento.

Outro ponto que a história cita, ainda, é a pressão social que a própria Hotaru sofre. Ela é uma garota que nunca teve interesses românticos. Não procurou iniciar qualquer relacionamento, nem nunca recebeu uma declaração ou pedido de namoro de alguém. E, por isso, ela se sente uma pária, alguém que seria incapaz e ilegítima de se apaixonar ou ter alguém que se apaixone por ela. Ao mesmo tempo, sente que deveria se adequar à normativa social e, como uma pessoa “normal”, ter um namoro. E, diante da procura de Hananoi, é incentivada por amigos a iniciar esse namoro, mesmo sem ter qualquer sentimento direcionado a ele.

E chega de spoiler. Se quiser saber mais sobre essa história, que parece estar indo super bem, é só checar no serviço de streaming Crunchyroll, onde está tendo lançamento semanal dos episódios. Bora pro texto!

 

Sobre Dependência Emocional

Armem as barreiras, acionem as defesas, e deem a esse homem… um Psiquiatra”. Esse é o comentário mais votado no primeiro episódio do anime na Crunchyroll.

Evidentemente, Hananoi representa alguém com transtornos de comportamento relativos a relacionamentos.

ALERTA: esse texto não está sendo escrito por um profissional da área de saúde mental. Trata-se de uma análise de um leigo, mas que já viveu situações de relacionamentos tóxicos. E, por isso, acredito que seja importante trazer esse tema à discussão. Sinta-se à vontade para críticas e comentários.

O Transtorno de Personalidade Dependente (conhecido pela sigla TPD) é um transtorno de comportamento documentado e classificado na Classificação Internacional de Doenças (CID). Ele se caracteriza por uma tendência da pessoa em deixar que outra pessoa (ou várias) tome decisões, menores ou maiores, e guie todos os aspectos da vida própria.

Uma pessoa com dependência emocional é extremamente submissa à vontade do outro, e pode adotar comportamentos extremados em caso da mínima percepção de abandono.

Por vezes, o TPD pode estar associado a outros transtornos, como depressão e ansiedade, ou outros transtornos de personalidade, como borderline (caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais) e de personalidade histriônica (caracterizado por um padrão generalizado de excessiva emocionalidade e busca de atenção).

Evidente que alguém que sofra de TPD merece respeito e cuidado especializado por uma equipe de saúde habilitada. Mas isso não deixa de ser um risco de adoção de um comportamento tóxico dentro de um relacionamento.

 

O Outro Lado do Relacionamento

Você acorda na sua cama. É manhã e seu sono foi embora. O seu hálito noturno te incomoda, sua bexiga está cheia e você está com fome. Porém, a pessoa ao seu lado não te deixa levantar porque não quer ficar sozinha.

Você aguenta e espera. Depois da rotina matutina, você vai iniciar suas atividades. Você recebe mensagens, mas não pode responder porque está ocupado. Isso resulta em diversas ligações repetitivas para apaziguar os ânimos.

No fim do dia, você quer encontrar os colegas de trabalho para um bate-papo, mas não consegue. Os lamentos de solidão ou alegações da pessoa de estar se sentindo doente, ainda que você saiba que não seja nada, te forçam a voltar para casa.

Em casa, você está com sono e gostaria de ir dormir. A pessoa ao seu lado, no entanto, quer passar um tempo fazendo alguma atividade, e insiste que você vá dormir exatamente no mesmo horário que ela. Você acata e acaba indo dormir num outro horário, acumulando cansaço.

Contrariar qualquer dessas condições de rotina, no entanto, podem resultar em graves problemas. Brigas acaloradas, agressões verbais ou físicas, ameaças de abandono repentino, autodepreciação ou automutilação da pessoa dependente, ou até mesmo ameaças de atentado contra a própria vida. Tudo isso faz com que você aceite as imposições e se compadeça, mesmo infeliz.

Essas são condições que conviver com uma pessoa com dependência emocional pode causar em alguém. Um estresse que vai se acumulando diante de pequenas imposições da rotina, e que podem resultar em um enorme desgaste e carga emocional.

Os relacionamentos com dependência emocional, no entanto, não se limitam a relacionamentos amorosos. Não é incomum que pais ou mães apresentem comportamentos parecidos após a saída dos filhos do lar, seja pelo casamento ou outra condição. Isso pode gerar expectativas de uma rotina onde o(a) filho(a) se veja obrigado a estar presente na casa dos pais mesmo que isso lhe cause complicações na administração da própria vida, ou o clássico conflito dos pais com genros e noras.

O importante é lembrar que isso não deve ser a regra para o seu relacionamento. Ainda que se considere e releve os pontos de melhoria e defeitos das pessoas, estabelecer limites saudáveis é importante para um relacionamento.

 

Como lidar com alguém com dependência emocional

Como sempre, cada caso é um caso, mas existem algumas dicas que podem ajudar a estabelecer uma rotina mais saudável a todos os envolvidos.

O primeiro e mais importante passo é aceitar que os seus interesses e necessidades particulares são tão importantes quanto os da outra pessoa.

É comum nós querermos nos doar às pessoas que amamos, muitas vezes nos privando nas nossas próprias necessidades. Aos poucos, perdemos contato com amigos e familiares, perdemos o hábito de cultivar nossos hobbies e de fazer atividades que nos dão prazer. E, com isso, de uma hora para outra, vemos que nosso mundo está limitado à outra pessoa dentro do relacionamento, sem qualquer outra escapatória.

Se livrar dessas barreiras e estabelecer questões importantes para si é o primeiro passo. Reforçar o amor próprio é o primeiro passo para que tenhamos recursos para doar amor aos outros.

E, acreditem, essa dica vale até mesmo para relacionamentos saudáveis com pessoas que dependam de nós para a manutenção da vida e crescimento, como nossos filhos. Por experiência própria, posso dizer que estabelecer limites de interação com a minha filha foi positivo para nós dois, já que ela passou a ter maior exercício de empatia para minhas necessidades e eu pude ter mais energia para me dedicar a ela quando necessário.

Feito isso, é necessário combinar a rotina e os momentos que serão compartilhados ou exclusivos de cada um.

A conversa é uma ferramenta poderosa. E, vale sempre o ditado, o combinado nunca sai caro. Estabelecer limites na interação como, por exemplo, esclarecer os momentos em que é razoável a troca de mensagens e ligações, já é um grande passo. É necessário demonstrar que sua saúde e felicidade é importante para que vocês possam compartilhar de uma vida saudável.

E, nesse mesmo sentido, é importante destacar que a definição desses limites não é um tipo de abandono. A pessoa com dependência emocional poderá usar de estratégias de barganha, agressão ou autodepreciação para impedir essas mudanças. Por mais doloroso que seja, somente adotando tal processo que a mudança pode se solidificar.

A definição de “combinados”, ou seja, regras para o comportamento, é uma das estratégias que é adotada em diversos tipos de terapias comportamentais, tal como, por exemplo, na Análise do Comportamento Aplicada, conhecida pela sigla em inglês ABA. O ABA é normalmente adotado para crianças com transtornos de comportamento, mas o mesmo princípio pode se estender para qualquer pessoa e relacionamento. E, uma vez que os limites sejam definidos, nenhuma das partes se sentirá prejudicada pelas consequências.

Outro ponto importante é que, aos olhos da pessoa com dependência emocional, você será sempre o “vilão” na situação. Aceitar esse papel, sem se abalar, é importante, já que a pessoa dependente não terá condições lógicas ou emocionais de controlar suas emoções diante da situação. Mas, uma vez estabelecidas as novas condições e colhidos os resultados, que certamente serão positivos a ambos, muito possivelmente a situação possa vir a gerar uma discussão saudável do relacionamento no futuro.

Mas, se nada mais der certo, e a decisão for por encerrar esse relacionamento, a postura assertiva de comunicar uma decisão deve ser tomada.

Um relacionamento nunca é uma obrigação. Mesmo pessoas a quem somos, de alguma forma, obrigados a prestar auxílio e suporte financeiro, por exemplo, não há obrigação do estabelecimento e manutenção de um vínculo emocional com alguém.

Claro, todas essas etapas podem ser facilitadas com o auxílio de um terapeuta habilitado, seja para terapia familiar ou de casais, que certamente ajudará a mediar essas mudanças e estabelecer os limites da negociação.

De toda forma, se você estiver numa condição em que opte pelo fim do relacionamento, seja firme na decisão. A outra pessoa certamente usará de todas as estratégias acima para tentar manter a relação, mas é necessário respeitar seus próprios limites, sua liberdade e sua felicidade, garantindo que o término é apenas isso, o término daquela relação, não um tipo de abandono.

E, claro, se você tiver razões para temer eventuais atitudes extremadas da pessoa, em adotar comportamentos autodestrutivos, como, por exemplo, abuso de álcool ou substâncias ou, ainda, atentar contra a própria vida, é importante alertar familiares e a rede de apoio da pessoa para que se façam presentes no período após o término do relacionamento, para evitar prejuízos à pessoa.

 

Considerações Finais

Olha pessoal, aqui vai um relato pessoal.

Eu já me vi em ambos os lados do relacionamento, seja como alguém que adotou uma postura de dependência, seja como alguém a quem foi demandado por uma pessoa dependente. Não a ponto de caracterizar um diagnóstico de transtorno, talvez, mas mesmo assim vivendo de forma bastante insalubre.

Estabelecer esses limites me fez ter muito mais felicidade e conseguir manter relacionamentos de que, se não regulados, teria que abrir mão, mesmo não querendo. E, para reconhecer essas necessidades, foi muito importante o acompanhamento com meu psicólogo e em terapias conjuntas com a outra pessoa.

Estamos vivendo uma época revolucionária em termos de aceitação e visibilidade da saúde mental e social e, claro, isso gera certos conflitos de percepção nas pessoas, em geral. Aceitar a mudança é uma quebra de paradigma e toda essa quebra gera desconforto. Porém, a mudança só será efetiva quando visto que a energia necessária para o esforço de mudar tem resultados mais benéficos que a comodidade da situação.

Entender o relacionamento dependente como uma forma de abuso, ainda que involuntário, é parte dessa mudança. E estabelecer limites e promover essa mudança o mais breve possível pode ser a diferença entre haver ou não condições para a manutenção de uma vida saudável e evitar sequelas que se arrastem para o futuro.

Discussões com a do animeA Condition Called Love” serão muito positivas para o nosso futuro como sociedade. Somente jogando nosso preconceito de lado e abraçando a mudança podemos ver a evolução pessoal e da sociedade. Espero que esse tipo de história realista, deixando de lado a romantização do abuso e dos relacionamentos possessivos, ainda comuns em histórias e novelas, se torne mais comum para estabelecer limites morais para a vida comum.

E, claro, se estiver passando por qualquer conflito, busque tratamento profissional. Lembrando que mesmo aqui dentro do Deviante nós temos a nossa querida Juliana Vilela, a Jujuba, que é psicóloga e pode oferecer terapia online ou presencial para a galera de São Roque. Sigam ela lá no Instagram em @jujubavi, que ela começou a fazer uns conteúdos bem legais da área.

Beijos e saúde a todos!


(Imagem de Capa: Divulgação. Distribuidora: Kodansha Ltd.. Autoria: Morino Megumi.)

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Primeiros passos no Treinamento Funcional com Cauê La Scala (Quatrode15 #192)

Por: Yuri Motoyama · Portal Deviante

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O Cheirinho do Armário (RPGuaxa #162)

Por: Marcelo Guaxinim · Portal Deviante

RPG: Realidades Paralelas do Guaxinim, ou ainda RPGuaxa é um podcast gravado na forma de RPG; a cada episódio nosso Mestre Guaxinim apresenta um mundo novo aos jogadores e, juntos, criam uma nova história.

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